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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SUSTENTABILIDADE ARQUITETÔNICA


Utilizar recursos da natureza sem agredir o meio ambiente é o que existe de mais moderno na arquitetura atual. 

Introdução

A idéia de “sustentabilidade”’ das relações entre sociedade, espaço e ambiente natural tem se afirmado como um dos temas mais centrais na atualidade – de fato, quase uma onipresença: nas crescentes discussões ambientalistas e geopolíticas, na esfera técnico-acadêmica, na sua recente apropriação por sistemas de produção e consumo que se valem do selo “sustentável” nas mesas de bar. Embalados por esse movimento, parecemos entender a centralidade do problema do ambiente construído na sustentabilidade, e assumir a possibilidade de que edificações e cidades têm diferentes comportamentos quanto à sua sustentabilidade. Contudo, as visões correntes da sustentabilidade arquitetônica e urbana parecem ainda se restringir, sobretudo às dimensões mais evidentes do consumo de energias não-renováveis e o comportamento das edificações.

Haveria outros aspectos de sustentabilidade do ambiente construído? Como objetivar tais aspectos – digamos, a sustentabilidade do comportamento social e econômico de nossas cidades e edificações? Haveria, por exemplo, contradições entre elementos de sustentabilidade do edifício e de sustentabilidade urbana – digamos, entre o comportamento energético de um tipo arquitetônico e seu impacto urbano (digamos, sobre a vida social e econômica do bairro ou cidade)?  Teria a forma de nossas cidades a ver tanto com o problema energético quanto às dimensões subestimadas da sustentabilidade do ambiente construído? Que morfologias seriam mais sustentáveis, e em que sentido? O presente trabalho argumenta que ainda temos pouco claro em nossos discursos, práticas e ensino da arquitetura as diferentes dimensões da sustentabilidade – como em o que entendemos por “sustentabilidade urbana” e sua relação com o edifício e sua “sustentabilidade arquitetônica”. Argumenta que, para avançarmos na compreensão das diferentes dimensões da sustentabilidade em arquitetura, precisamos conectar as escalas artificialmente separadas da “arquitetura” e do “urbanismo” e entender as implicações sistemáticas da forma edilícia na produção da forma urbana, como capazes de incluir efeitos para além do ambiente construído – isto é, sobre o “meio antrópico” (o
comportamento de processos aparentemente imateriais, como nossas práticas no espaço) para então vermos os efeitos severos, ainda pouco reconhecidos,  de tais implicações sobre o ambiente natural.

O artigo afirma a necessidade do reconhecimento da possibilidade de diferentes configurações do objeto arquitetônico e seus conjuntos terem impactos diferenciados sobre o desempenho (e a sustentabilidade) de nossas atividades no espaço arquitetônico-urbano. A observação de tal dimensão sistêmica da arquitetura – as relações causais entre aspectos espaciais e dinâmicas socioeconômicas – nos trará a uma visão de sustentabilidade mais complexa, e nos deslocará para além da escala do edifício e o problema imediato da sua eficiência energética.

Para objetivar tais aspectos da sustentabilidade e localizar suas condições morfológicas nas ligações entre o edifício e a forma da cidade, o artigo trará a proposição de duas dimensões de sustentabilidade e desempenho de morfologias arquitetônico-urbanas ausentes em discursos redutivistas: a socialidade (a vitalidade das comunicações, e encontros e redes sociais formadas no espaço urbano) e a microeconomicidade (a intensidade de trocas microeconômicas amparadas por espaços arquitetônico-urbanos) como implicações sistêmicas da forma arquitetônico-urbana, e como dimensões fundamentais da sustentabilidade e da geração de morfologias sustentáveis.

Finalmente, ao explorar as relações entre a morfologia do edifício e a morfologia da cidade como parte sistemicamente ativa em processos sociais e econômicos, o artigo apontará convergências entre aspectos morfológicos e seus impactos sobre esses processos com fatores-chave da sustentabilidade energética e ambiental. Mas quais seriam essas configurações morfológicas e seus efeitos sobre dinâmicas na cidade? Quais suas condições de existência, ou em que tipo de conexão estariam baseadas? Essas condições partem da constatação de uma relação inerente, complexa, mas direta entre espacialidade e a prática humana. Gostaria de discutir algumas das características e situações reconhecíveis em nossas cidades, antes apontando as razões para as termos ainda ignoradas em nossas práticas, bem como certos riscos dos discursos usuais de sustentabilidade.

Mudança pode beneficiar a saúde

Qualquer prédio comercial ou residencial pode alcançar certo grau de sustentabilidade atacando fatores como desperdício de água e de energia elétrica. Se for além, controlando os dejetos que são despejados nos ralos das cozinhas e também os detritos industriais, melhor.

Mas há ainda algo na sustentabilidade de edifícios que não se pode ser medido: o conforto ambiental.

As construções no passado tinham o cuidado de ter jardins internos que mesmo em dia de chuva podiam ser contemplados. Hoje isso não existe. Muitos prédios construídos dão vista para paredões, pátios internos de face sul que não recebem uma nesga de sol, não têm um único verde.

Plantas refrigeram o ambiente, atraem pássaros, criam paisagens, nós precisamos disso para nossa sanidade mental. Uma experiência feita nos Emirados Árabes, com um conjunto de prédios, mostrou que a adoção de telhados verdes pode diminuir em até 5°C a temperatura no entorno dos edifícios. Cinco graus é a diferença entre você se abanar ou colocar um casaquinho.

Mesmo pequenos jardins internos, colocados em frente a áreas com muito sol, têm capacidade de reduzir a temperatura do local, deixando a luz do sol passar.

Há prédios mal projetados em todos os lugares. Um dos piores problemas, segundo ele, é a qualidade acústica do ambiente. Os pisos conhecidos como “carpetes de madeira”, por exemplo, por não terem uma fixação no assoalho, criam um grande ruído quando alguém caminha sobre eles, principalmente de salto alto.

Mas o pior problema é ouvir o que o vizinho fala. Uma solução é o teto de gesso, que, além de esconder tubulação e fiação sobre ele, ainda cria certo isolamento acústico.

Profissional consciente

Nosso país e nosso planeta tem uma necessidade urgente de se proteger contra a entrada de calor nos diversos tipos de ambientes, pois assim o preço para se obter o conforto térmico tão necessário, torna-se viável, a proteção do madeiramento dos telhados já prontos e em construção é fundamental para o equilíbrio do desmatamento além de outros desperdícios que a natureza não suportará.

Nós, profissionais em todas as áreas, temos a obrigação de conhecer e orientar no sentido de obtermos um mundo mais equilibrado para que possamos assim obter uma melhor qualidade de vida sem desperdícios e mais agressão à mãe natureza.

A conscientização e atitudes tomadas neste momento será a certeza de um futuro melhor para nossa geração que já tem uma perspectiva de vida melhor e podermos deixar algo eficiente ecológico e duradouro para o futuro de toda a humanidade.

Todo arquiteto deve ser capaz de projetar considerando as especificidades climáticas do local, a luz natural, o conforto ambiental e a eficiência energética como parâmetros de projeto arquitetônico, enfocando o desenvolvimento bioclimático sustentável. Conhecer as condições ambientais e visitar o local do projeto são fundamentais para se ter uma noção correta de todas as particularidades como percepção dos ventos, percurso do sol, ruídos acústicos e vegetação, por exemplo. Posteriormente, com as simulações feitas em softwares a partir dos dados obtidos no local, temos como ter uma visão bem próxima da realidade e, assim podemos fazer os ajustes necessários antes que a obra seja executada. A maior preocupação do arquiteto deve existir na fase inicial do projeto, anterior à execução. 
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Assista a esse vídeo, que trata de um debate sobre arquitetura sustentável, com o arquiteto e professor do Centro Universitário Belas Artes, Rodrigo Loeb em São Paulo, no dia 19 de maio de 2009.Assista a esse vídeo, que trata de um debate sobre arquitetura sustentável, com o arquiteto e professor do Centro Universitário Belas Artes, Rodrigo Loeb em São Paulo, no dia 19 de maio de 2009.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ARQUITETURA DA PAISAGEM



A arquitetura da paisagem trabalha a composição e a organização dos espaços externos, sendo eles naturais ou artificiais, e de dimensões e escalas diversas.


Introdução

A grande diversidade territorial e paisagística brasileira resulta em diferentes configurações formais de espaços edificados e não edificados, condicionando estruturas urbanas segundo modelos de ocupação diferenciados. Essas estruturas e modelos diversificados são consequência de aspectos ambientais, sócio-econômicos e culturais e o entendimento das diferenças regionais, assim como das contradições sociais, faz-se por meio do estudo da realidade existente, através de visões necessariamente interdisciplinares.

O estudo da validade dos modelos de ocupação adotados pela sociedade em função da sua adequação à diversidade territorial deve ser feito por meio do entendimento dos ecossistemas envolvidos, da geomorfologia, das formas de apropriação dos recursos naturais, das distintas escalas e dimensões territoriais dos núcleos urbanos e dos traços sócio-culturais de seus ocupantes.

Portanto dentro desta perspectiva encontra-se a conjugação entre campos disciplinares que, integrados, permitem a compreensão dos processos de constituição da paisagem sob o ponto de vista da ecologia.

Uma das contribuições dos estudos sobre arquitetura da paisagem reside no entendimento dos processos de constituição morfológica, dos históricos de ocupação, dos padrões arquitetônicos e urbanos resultantes e dos impactos que esses exercem sobre o meio físico e social.

Conceitos e premissas

O primeiro passo para a visão interdisciplinar no tema em questão é perceber a relação existente entre a ecologia da paisagem e a arquitetura da paisagem, campo onde arquitetos, paisagistas e urbanistas contribuem como pesquisadores, estudiosos e profissionais.

Para tanto, é importante discernir a relação entre as escalas territoriais de atuação e os recortes de análise e de pesquisa a que se propõe.

Ao discutirmos a escala do território nacional, estaremos analisando a relação entre a forma de ocupação das regiões, as trocas entre elas e as suas formas produtivas, tendo como referência a sua adequação às características e abrangência dos domínios paisagísticos e dos ecossistemas existentes.

Na escala da região, a análise e definição de parâmetros de ocupação do território se iniciam a partir da leitura acima, com uma perspectiva mais aproximada à ocupação humana, onde, reside o entendimento mais direto da relação entre as matrizes de ocupação, os fragmentos dessas matrizes e os corredores que as interligam. Vários estudos se desenvolveram nos últimos anos no Brasil, ora relativos à relação entre zonas urbanas e rurais, aos estudos de processamentos de ecossistemas específicos e ao entendimento das estruturas do território regionais.

Finalmente na escala das cidades reside a maior contribuição da arquitetura da paisagem no sentido do entendimento da relação entre as matrizes urbanas e as matrizes não urbanas – sistemas naturais transformados, ou em transformação, onde se buscar entender, como premissa para a ocupação, a relação entre os preceitos de planejamento da paisagem e as demandas de planejamento urbano. Nesse caso, a abrangência sócio-ambiental, que essa escala estabelece, deve pressupor a integração direta entre esses dois campos de conhecimento e prática profissional.

Contribuições de pesquisa e as práticas públicas

No campo disciplinar da pesquisa em arquitetura da paisagem, existem lacunas de estudo, dentre as quais, destaca-se a necessidade de análise e revisão dos modelos de ocupação e dos sistemas de espaços livres resultantes, sob o ponto de vista da sua adequação morfológica, programática e ambiental, e dos conceitos agregados às situações descritas acima.

Os modelos de ocupação urbana e o sistema de espaços livres resultantes afetam diretamente o processo de produção do espaço e da paisagem, constituindo-se em objeto de pesquisa, relacionado às escalas de análise ambiental abordadas – territorial, regional e local, e que deve integrar os diversos campos disciplinares envolvidos: desde os que apresentam viés analítico e diretivo – história, geografia, ecologia, agronomia, engenharias florestal e hidráulica, dentre os mais importantes, àqueles com perfil propositivo, como a arquitetura, o urbanismo e o paisagismo.

O processo de construção da paisagem indica a existência de modelos de ocupação urbana resultantes de variáveis econômicas e culturais, decorrentes da forma como a sociedade ocupa, apropria-se e gere o território.

O resultado desses modelos reflete a conjugação de processos éticos e estéticos, muitas vezes uniformizadores, em seu conteúdo ideológico e discursivo, que irão conformar a paisagem como um produto sócio-cultural refletido sobre um suporte físico com características muito diversas.

Nesse contexto o conjunto de espaços livres, pertencentes à esfera pública, reflete de forma sistêmica, processual e permanente, as consequências da aplicação de modelos de ocupação urbana sem a necessária avaliação das características territoriais, implicando em situações de comprometimento ambiental irreversível.

Em meio urbano, na esfera estadual e municipal, a poluição dos cursos d´água, a ocupação de mananciais, o comprometimento das encostas ocupadas, as modificações dos níveis de lençol freático, o desmatamento e diminuição da massa vegetal, a impermeabilização crescente dos solos urbanos, a má distribuição dos espaços livres no tecido, o desequilíbrio das condições climáticas, dentre outros fatores, são indicativos da inexistência da sistemática de integração disciplinar entre a  concepção, o desenho e a gestão pública e privada das nossas cidades e os critérios ambientais e paisagísticos que os deveriam preceder.

Em meio territorial, na esfera federal, a não observação do equilíbrio entre domínios naturais e ocupação produtiva tem levado a conseqüências negativas no tocante ao equilíbrio entre ocupação humana, instalação e operacionalização de infraestrutura, apropriação de recursos e manutenção do equilíbrio dos ecossistemas existentes.

A partir dessa aproximação ao tema, estabelecemos as seguintes hipóteses:

·      Os processos e os modelos de ocupação urbana explicam e justificam ações da esfera
pública no território, refletindo-se diretamente  no objeto de estudo selecionado: o sistema de espaços livres públicos;

·      A relação entre os preceitos de planejamento da paisagem e as demandas de
planejamento urbano deve ser entendida como pressuposto para a integração direta entre esses dois campos de conhecimento e prática profissional;

·      Os planos diretores, recentemente elaborados ou revisados, devem incorporar, em
seu conteúdo, diretrizes quanto aos sistemas existentes e previstos de espaços livres, incluídas nos princípios de processamento e apropriação da paisagem, de forma integrada às diretrizes quanto ao ordenamento territorial, onde novos modelos de ocupação, densificação e/ou expansão urbanas são estabelecidos;

·      Os espaços livres públicos passam a ter um importante papel ambiental, além das
abordagens tradicionais que os relacionam com espaços de circulação, lazer e contemplação. Portanto o sistema de espaços livres públicos considera os recursos naturais do território de forma a garantir o direito à qualidade de vida de seus cidadãos.

Nesse contexto, a contribuição científica sobre a conceituação dos sistemas de espaços livres, que busca a integração e a interdisciplinaridade defendidas acima, não está ainda sistematizada a ponto de favorecer argumentos que promovam a qualificação dos sistemas existentes, adequando-se e integrando-se aos demais campos disciplinares e às políticas públicas que, em última análise regulamentam e direcionam a ocupação.

Na maioria dos casos as instâncias públicas que lidam com o assunto carecem de uma conceituação teórica e conceitual, fato esse que pode ser identificado desde as denominações utilizadas em seus instrumentos legais até às diretrizes por esses estabelecidas

A aproximação entre academia e a esfera das decisões públicas é, portanto, fundamental para o direcionamento propositivo da ocupação territorial, em suas diversas escalas, devendo se pautar na interdisciplinaridade dos campos de conhecimento, pesquisa e prática.

Planejamento urbano x planejamento da paisagem: à guisa de reflexão

Em processo recente junto ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), encaminharam a proposta de pesquisa cujo objetivo é a análise do sistema de espaços livres e dos modelos de ocupação urbana correlatos no Estado do Rio de Janeiro, sob a luz dos conteúdos dos Planos Diretores Municipais.

Através da leitura crítica dos conteúdos dos planos, da análise do sistema de espaços livres e dos modelos de ocupação urbana, pretende-se questionar sua adequação morfológica e ambiental, levando-se em consideração os contextos históricos e culturais que os geraram, como eixo propulsor da ocupação.

Desta forma, ao analisar os conteúdos desses planos, cujo encerramento era previsto para outubro de 2006, podemos ter um quadro analítico e comparativo que nos possibilitará elencar as principais orientações legais e as direções que deverão tomar as instâncias municipais em relação ao território e a sua gestão, procurando destacar as relações entre as condicionantes ambientais, as demandas sociais e os modelos propostos para o crescimento e adensamento urbanos. Deverão também ser confrontadas as determinações de instância municipal e as legislações vigentes de âmbito federal e estadual.

A Constituição Federal já estabelecia em 1988 duas premissas importantes ao se referir ao ordenamento territorial, relativas à política de desenvolvimento urbano e à definição de propriedade, como abaixo:

·      A política de desenvolvimento urbano tem por objetivo ordenar o pleno
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem estar de seus habitantes;

·      A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências
fundamentais de ordenação da cidade expressas no Plano Diretor.

No decorrer desses vinte e quatro anos ainda não vimos uma mudança significativa tanto nas políticas municipais como na discussão do papel que cumprem as esferas públicas e privadas no tocante à propriedade e gestão do espaço urbano.

O Estatuto da Cidade, promulgado em 2001, regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal de 1988 e, ao estabelecer diretrizes gerais da política urbana. A oportunidade de verificar os novos posicionamentos contidos nos planos diretores, desenvolvidos entre 2001 e 2006, assim como analisar as diversidades de políticas, discursos e diretrizes previstas nos possibilitará estudar de que forma os aspectos substantivos e qualitativos, referentes aos sistemas de espaços livres, em suas diversas escalas e funções, estão sendo argumentados e direcionados nos diferentes municípios.

O Estatuto da Cidade cria instrumentos para que o Município possa intervir no desenvolvimento de todo o território municipal de forma a promover a democratização do acesso ao solo urbano assim como promover a regularização fundiária. Entendemos que a qualificação dos espaços livres, de forma a formarem um sistema que atenda às expectativas de qualidade de vida do cidadão, só pode ser adquirida por meio da qualificação do acesso aos espaços públicos.

A Campanha “Planos Diretores Participativos”, iniciada em 2004, ilustra essa grande mobilização, que atingiu municípios de portes diversos, desde as regiões metropolitanas das capitais até esferas municipais de pequeno porte, distribuídas pelo território nacional.

Segundo a Rede “Plano Diretor”, do Ministério das Cidades, cerca de  1.682 municípios apresentam obrigatoriedade legal na realização do Plano, e esse Ministério aplicou pesquisa em cerca de 93% do universo, para averiguar os resultados desses planos. Esses dados, segundo a rede, estão em fase de tabulação, e viabilizarão obter uma perspectiva dos conteúdos e dos processos aplicados.

A universidade cumpre seu papel ao contribuir com a análise desses dados que são frutos do esforço de milhares de municípios. A análise crítica e focada deve promover o avanço e aprofundamento das questões ali levantadas.

Conclusões sobre os resultados esperados

Espera-se, com a pesquisa proposta, montar quadros comparativos dos modelos de ocupação urbana e de seus resultados no sistema de espaços livres, a partir dos recortes estudados, buscando-se compará-los a outros exemplos existentes na própria cidade e em outras cidades do país.

Será possível montar esses quadros a partir de trocas de experiências em seminários e oficinas a serem realizados de forma integrada com órgãos de gestão e planejamento assim como com demais laboratórios de pesquisa na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e em outras universidades.

A partir das conclusões geradas pela pesquisa, espera-se também compor um quadro de recomendações a respeito do uso dos modelos de ocupação urbana e da qualidade do sistema de espaços livres, enfocando as diretrizes serem incorporadas aos planos diretores e demais instrumentos legais.

Essas recomendações podem se tornar um corpo crítico e analítico das legislações que regem a atividade de produção dos espaços construídos e não construídos, prevendo futuras aplicações.

Estima-se que as recomendações girem em torno de:

·      Desenho da paisagem: suporte físico e legal

Para tanto, espera-se:

®  a revisão das  medidas legais, incluindo parâmetros de uso e ocupação  do solo
(índices de aproveitamento, taxas de ocupação, profundidades de construção, remembramentos e desmembramentos), visando a valorização dos tipos morfológicos adequados aos sistemas ambientais locais.

·      Preservação de patrimônio ambiental e sócio-cultural

As recomendações feitas em relação ao patrimônio ambiental e sócio-cultural visam a valorização dos espaços livres existentes e a serem criados, enfatizando a esfera pública e a melhoria do ambiente natural e construído.

·      Adequação ambiental

Nesse sentido, espera-se:

®  a indicação  de áreas  especiais de preservação ambiental, elevando a quantidade de
áreas livres e melhorando o equilíbrio entre a massa edificada e os espaços livres vegetados;

®  a indicação da destinação de espaços existentes que, além da preservação de recursos
ambientais, atenderiam à demanda por áreas recreativas.

®  a indicação  de uma política de incentivos, fiscais e creditícios, a ações particulares,
voltadas ao aumento da massa de vegetação urbana, tais como o reflorestamento das áreas de preservação existentes e a serem criadas.

®  a indicação de programas especiais de educação ambiental enfatizando a valorização
da vegetação urbana, o destino do lixo domiciliar e a preservação dos cursos d’água.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

PROJETO ARQUITETÔNICO


O projeto de arquitetura é o processo pelo qual uma obra de arquitetura é concebida e também a sua representação final, é considerada a parte escrita de um projeto, ele é essencial para que a obra saia como planejada.


Etapas do projeto

Um projeto arquitetônico se divide em 5 etapas:

·      Levantamento de dados – O cliente demonstra seus objetivos e necessidades. As
características do terreno são estudadas (dimensões, solo, escritura, ventos etc.);

·      Estudo preliminar – Através das informações obtidas no "levantamento de dados", o
arquiteto já tem condições para fazer um esboço inicial do projeto. Deve ser acompanhado de perto pelo cliente, já que se trata do início da elaboração da planta; antes de continuar o projeto, o arquiteto nesta fase deve receber a aprovação do cliente;

·      Anteprojeto – Nesta etapa, as dimensões e características da obra serão definidas.
Será desenvolvido o projeto com a elaboração da planta baixa de cada pavimento, contendo informações de cada ambiente, pilares, cálculo das áreas e etc. A volumetria, estrutura, planta de cobertura e instalações gerais serão definidas. O cliente deve aprovar o anteprojeto, para que o arquiteto passe para a próxima etapa;

·      Projeto legal – Nesta etapa, a configuração do projeto deve estar de acordo com as
normas indicadas pelos órgãos competentes, com o objetivo de ser aprovada pela
prefeitura municipal;

·      Projeto executivo – Muito mais técnico, consiste no desenvolvimento detalhado do
anteprojeto. Integra o projeto aos projetos complementares (elétrico, hidráulico, estrutural, telefônico etc.), dando plenas condições à execução da obra, conforme o detalhamento do projeto.
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Assista a esse vídeo de um Projeto Arquitetônico feito pela arquiteta Lise Longo, em Florianópolis, Santa Catarina.




quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

METODOLOGIA DA PESQUISA



 Primeiramente, devem-se observar os padrões de comportamento do público-alvo para depois entender, onde estão as oportunidades que receberão a maior atenção dos programas de marketing e geração de demanda.

O que é um projeto?

Projeto, literalmente, é colocar adiante.

A elaboração de qualquer projeto depende de dois fatores fundamentais:

·      A capacidade de construir uma imagem mental de uma situação futura;
·      A capacidade de conceber um plano de ação a ser executado em um tempo  
determinado que vai permitir sua realização.

Projeto de pesquisa

O projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor, caso contrário o investigador, em determinada altura, encontrar-se-á perdido num embaraçado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância.

Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elaboração do relatório final (monografia, dissertação e tese), tudo é previsto no projeto de pesquisa.  

Um projeto de pesquisa deve, portanto, responder às clássicas questões: 

·      O que fazer?
·      Por que fazer?
·      Para quem fazer?
·      Onde fazer?
·      Como, com que, quanto e quando fazer?
·      Com quanto fazer e como pagar?
·      Quem vai fazer?

O preenchimento do diagrama exige também uma reflexão individual, faça as seguintes perguntas:

·      Tema de pesquisa – Qual o tema da pesquisa? Em que área o tema se encontra? Sou
pesquisador de que área? Como quero ser conhecido (pesquisador de que assunto)?

·      Palavra-chave – palavras que direcionam a pesquisa e que podem ser cruzadas no
âmbito do trabalho.

·      Proposta – O que se propõe no trabalho? Qual o objetivo macro? 

·      Método para validar – ferramentas ou técnicas a utilizar para atingir os objetivos
traçados e validar cientificamente. Para este último observar tipo de pesquisa, método e teoria em que se apoia.

Estruturação do projeto

·      Definindo o tema e título (o quê?)

O tema é o assunto que se deseja provar ou desenvolver. Pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo coordenador, da sua curiosidade científica, de desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoria.  Pode ter surgido pela entidade responsável, portanto, “encomendado”, o que, no entanto não lhe tira o caráter científico. 

Independente de sua origem, o tema é, nessa fase, necessariamente ampla, precisando bem o assunto geral sobre o qual se deseja realizar a pesquisa.

Do tema é feita a delimitação que deve ser dotada de um sujeito e um objeto. Já o título, acompanhado ou não por subtítulo, difere do tema. Enquanto este último sofre um processo de delimitação e especificação, para torná-lo viável à realização da pesquisa, o título sintetiza o conteúdo da mesma.

·      Objetivos (para quê?)

Atenção! Os objetivos devem ser sempre expressos em verbos de ação

Ø Geral – está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona-se com o
conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das idéias estudadas. Vincula-se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto.

Ø Específicos – apresentam caráter mais concreto. Têm função intermediária e
instrumental, permitindo de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicar este a situações particulares.

·      Justificativa (por quê?)

É o único item do projeto que apresenta respostas à questão por quê? De suma importância, geralmente é o elemento que contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou entidades que vai financiá-la. 

A justificativa consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa.

Deve enfatizar: 

Ø o estágio em que  se encontra a teoria respeitante ao tema;

Ø as contribuições teóricas que a pesquisa pode trazer: confirmação geral,  confirmação
na sociedade particular em que se insere a pesquisa, especificação para casos particulares, clarificação da teoria, resolução de pontos obscuros;

Ø a importância do tema do ponto de vista geral;

Ø a importância do tema para casos particulares em questão;

Ø possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade abarcada pelo tema
proposto;

Ø descoberta de soluções para casos gerais e/ou particulares.

A justificativa difere da revisão da bibliografia e, por este motivo, não apresenta citações de outros autores.

Ø Formulação do problema

A formulação do problema prende-se ao tema proposto: ela esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resolver por intermédio da pesquisa.

O problema, assim, consiste em um enunciado explicitado de forma clara, compreensível e operacional, cujo melhor modo de solução ou é uma pesquisa ou pode ser resolvido por meio de processos científicos. Concluem-se disso que perguntas retóricas, especulativas e afirmativas (valorativas) não são perguntas científicas.

Ø Hipóteses

v É uma suposição que se faz na tentativa de explicar o problema;
v Como resposta e explicação provisória, relacionam duas ou mais variáveis do
problema levantado;
v Deve ser testável e responder ao problema;
v Serve de guia na pesquisa para verificar sua validade.
v Surgem de observação, resultados de outras pesquisas, teorias e intuição.

As hipóteses constituem “respostas” supostas e provisórias ao problema. A principal resposta é denominada hipótese básica, podendo ser complementada por outras,  que recebem a denominação de secundárias.

·      Método científico (como?)

A investigação científica depende de um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos” para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos científicos.

Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se deve empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa.

Pesquisa é o modo científico para obter conhecimento da realidade empírica (tudo que existe e pode ser conhecido pela experiência); processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico.

Método é a forma de pensar para se chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo ou explicá-lo.

Ø Classificação das pesquisas

Ø Quanto à natureza:

v Pesquisa básica – objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência
sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.

v Pesquisa aplicada – objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigida à
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.

Ø Quanto à forma de abordagem:

v Pesquisa quantitativa – considera que tudo pode ser quantificável, o que significa
traduzir em números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc...).

v Pesquisa qualitativa – considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer os usos de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

Ø Quanto aos objetivos:

v Pesquisa exploratória – visa proporcionar maior familiaridade com o problema com
vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolvem levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

v Pesquisa descritiva – visa descrever as características de determinada população ou
fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolvem o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de levantamento.

v Pesquisa explicativa – visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para
a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o “por quê” das coisas. Quando realizada nas ciências naturais requer o uso do método experimental e nas ciências sociais requer o uso do método observacional. Assume, em geral, a formas de pesquisa experimental e pesquisa ex-post-facto.

Ø Quanto aos procedimentos técnicos:

v Pesquisa bibliográfica – quando elaborada a partir de material já publicado,
constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet.

v Pesquisa documental – quando elaborada a partir de materiais que não receberam
tratamento analítico.

v Pesquisa experimental – quando se determina um objeto de estudo, seleciona-se as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, define-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.

v Levantamento – quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer.

v Estudo de caso – quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

v Pesquisa ex-post-facto – quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.

v Pesquisa-ação – quando concebida e realizada em estreita associação com uma ação
ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

v Pesquisa-participante – quando se desenvolve a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas.
 
Toda pesquisa requer um embasamento teórico. Nele é preciso observar a teoria de base que dará sustentação ao trabalho, a revisão bibliográfica e a definição dos termos.

·      Embasamento Teórico (como?)

Respondendo ainda à questão como? Aparecem aqui os elementos de fundamentação
teórica da pesquisa e, também, a definição dos conceitos empregados.

Ø Teoria de base

A finalidade da pesquisa científica não é apenas um relatório ou descrição de fatos
levantados empiricamente, mas o desenvolvimento de um caráter interpretativo, no que
se refere aos dados obtidos. Para tal, é imprescindível correlacionar a pesquisa com o
universo teórico, optando-se por um modelo que serve de embasamento à interpretação
do significado dos dados e fatos colhidos ou levantados.
  
Todo projeto de pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os
quais o pesquisador (o coordenador e os principais elementos de sua equipe)
fundamentará sua interpretação.

Ø Revisão bibliográfica

Pesquisa alguma parte hoje da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação
de uma situação concreta desconhecida, em um dado local, alguém ou um grupo, em
algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes ou mesmo
complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais fontes,
documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para a não-duplicação de
esforços, a não“descoberta” de idéias já expressas, a não-inclusão de “lugares-comuns”
no trabalho.

A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a
contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar
comportamentos e atitudes. Tanto a confirmação, em dada comunidade, de resultados
obtidos em outra sociedade quanto a enumeração das discrepâncias são de grande
importância.

Ø Definição dos termos

A ciência lida com conceitos, isto é, termos simbólicos que sintetizam as coisas e os
fenômenos perceptíveis na natureza, no mundo psíquico do homem ou na sociedade, de
forma direta ou indireta. Para que se possa esclarecer o fato ou fenômenos que se está
investigando a ter possibilidade de comunicá-lo, de forma não ambígua, é necessário
defini-lo com precisão. Os termos precisam ser especificados para a compreensão de
todos.
  
·      Cronograma (quando?)

A elaboração do cronograma responde à pergunta quando? A pesquisa deve ser divida
em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para passar de uma fase a outra.
Não esquecer que, se determinadas partes podem ser executadas simultaneamente, pelos
vários membros da equipe, existem outras que dependem das anteriores, como é o caso
da análise e interpretação, cuja realização depende da codificação e tabulação, só
possíveis depois de colhidos os dados.

·      Orçamento (com quanto?)

Respondendo à questão com quanto?, o orçamento distribui os gastos por vários itens,
que devem necessariamente ser separados. Inclui:

Ø Pessoal – do coordenador aos pesquisadores de campo, todos os elementos deve
ter computados os seus ganhos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/atividade,
incluindo os programadores de computador;

Ø Material, subdivididos em:

v elementos consumidos no processo de realização da pesquisa, como papel, canetas,
lápis, cartões ou plaquetas de identificação dos pesquisadores de campo, hora/computador, datilografia, xerox, encadernação etc.;

v elementos permanentes, cuja posse pode retornar à entidade financiadora, ou serem
alugados,  computadores, calculadoras, etc..
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Vídeo super interessante, onde o professor Fábio Maimone explica o que é metodologia da pesquisa.