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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

SISTEMA DE SANEAMENTO DE ÁGUA II

IMPORTÂNCIA, HISTÓRIA E QUALIDADE DA ÁGUA


A água para o abastecimento humano requer a satisfação de diversos critérios de qualidade, o tratamento da água, a inter-relação entre o uso da água e a qualidade requerida para a mesma.


Importância econômica e sanitária dos sistemas de abastecimento d'água

A Organização Mundial de Saúde - OMS, estima que pelo menos dez mil pessoas falecem por dia em consequência de acidentes e doenças causadas por falta de habitação adequada e de serviços essenciais de água potável e esgotos sanitários. Nos países em desenvolvimento avaliou-se que aproximadamente 80% dos leitos hospitalares vêm sendo ocupados por pacientes com doenças causadas direta ou indiretamente pela água de má qualidade e por falta de saneamento. Assim, a importância sanitária do abastecimento de água é das mais discutidas; a implantação ou melhoria dos serviços de abastecimento de água traz como resultado uma rápida e sensível melhoria na saúde (diminuição das moléstias cujos agentes epidemiológicos são encontrados nas fezes humanas) e nas condições de vida de uma comunidade principalmente através de:

-     controle e prevenção de doenças;
-     promoção de hábitos higiênicos da população;
-     desenvolvimento de esportes (como a natação);
-     melhoria da limpeza pública;
-     conforto e segurança coletiva (refrigeração e combate a incêndio).

Esses benefícios se acentuam muito com a implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários. Tem sido constatado também que a implantação de sistemas adequados de abastecimento de água e de destino de dejetos, a par da diminuição das doenças transmissíveis pela água, indiretamente ocorre a diminuição da incidência de uma série de outras doenças, não relacionadas diretamente aos despejos ou ao abastecimento de água.

Verificou-se também a existência de uma correlação entre a redução de mortalidade por febre tifoide e a redução de mortes devido a outras enfermidades. Quando se reduz a mortalidade por febre tifoide mediante a distribuição de água de boa qualidade, provavelmente se reduz, também, por duas a três vezes a mortalidade devido a outras enfermidades. Como exemplo particular, esse efeito se observa com a mortalidade infantil.

A importância econômica do abastecimento de água é também verificada. A influência direta mais importante da sua implantação reside num aumento de vida média da população servida; numa diminuição da mortalidade em geral e, em particular, da infantil; numa redução de número de horas perdidas com diversas doenças; estes fatos se refletem numa maior eficiência nas atividades econômicas dos cidadãos (maior número de horas de trabalho), possibilitando, com isto, o aumento de produção.

A influência da água, do ponto de vista econômico, faz-se sentir mais diretamente no desenvolvimento industrial, por constituir, ou matéria-prima em muitas indústrias, como as de bebida, ou meio de operação, como água para caldeiras, etc.

A melhoria de um serviço de abastecimento de água acarreta a diminuição indireta no custo médio de uma enfermidade, incluindo despesas com médicos, remédios e descontos de salários.

Controle de qualidade da água como fator de saúde

A água possui uma série de impurezas, que vão definir mais características físicas, químicas e biológicas; a qualidade da água depende dessas características.

As características químicas das águas que escoam superficialmente ou nos lençóis subterrâneos descrevem a natureza do terreno ou a qualidade do subsolo ao longo de seu percurso.

A água pode, pois, incorporar uma grande variedade de substâncias, algumas inócuas, como o nitrogênio, oxigênio, etc., outras impurezas podem ser tóxicas ou prejudiciais à saúde. Dependendo da região até mesmo a água de poços subterrâneos pode apresentar teores excessivos de compostos indesejáveis de ferro, flúor e outros elementos.

É de grande importância que se comparem e selecionem fontes alternativas para o abastecimento público. É indispensável um levantamento sanitário da área, além da realização de diversas análises da água. As impurezas mais nocivas são aquelas que contaminam as águas: micróbios e substâncias radioativas.

A história de uma água

Através da análise química, compreendendo os teores de nitrogênio em suas diferentes formas, pode-se observar a história passada pela água através da presença de compostos do ciclo de nitrogênio. Assim, teores elevados de amônia indicam a presença e a quantidade de matéria orgânica azotada presente na água; os nitritos revelam matéria orgânica em fase da atividade bacteriana (oxidação) e os nitratos mostram que a poluição orgânica já atingiu a sua fase final de estabilização (poluição mais remota). Outra determinação valiosa é a dos teores de cloreto. O teor de cloretos pode ser indicativo de poluição por esgotos domésticos (próxima ou remota). O teor de cloretos varia com diversos fatores, principalmente com a distância do mar. Para determinado local, um excesso de 2ppm de cloretos sobre o teor normal na área é um indício de poluição (a urina causa excesso de cloretos).

O controle de qualidade da água deve ser feito:

-     Procurando-se impedir a contaminação de mananciais de água;
-     Tratando-se convenientemente a água; controlando-se a qualidade da água em reservatórios de distribuição da rede;
-     Dando-se instruções de higiene ao usuário para não deteriorar a água fornecida, ou seja, evitando a contaminação da água em instalações e em reservatórios domiciliares e prediais.

Alteração da qualidade da água

Analisemos o ciclo de uso da água para entender como ela tem sua qualidade alterada.

   A água da chuva proveniente da água evaporada das grandes massas líquidas é uma água destilada que se aproxima da “água pura”. Ao atravessar a atmosfera dissolve gases (O2; N2; CO2) e poeiras em suspensão. Nesta fase é menos freqüente a existência de micro-organismos patogênicos.

   A água da chuva chega ao solo. Dependendo da geologia (terrenos mais ou menos permeáveis), da topografia (terrenos mais ou menos inclinados), dependendo da cobertura vegetal, parte da água se infiltra, parte se evapora e parte escoa superficialmente até encontrar um córrego, um rio, um reservatório ou um lago.

   A água que escoa superficialmente terá, sempre, mas em teores variados:

-     Sólidos dissolvidos em face da capacidade de ser a água um excelente solvente. A presença de alguns sólidos pode não preocupar sanitariamente, mas outros podem causar problemas.

-     Sólidos em suspensão - carreados em face da velocidade e capacidade de ser a água um excelente solvente. A presença de alguns sólidos pode não preocupar sanitariamente, mas outros podem causar problemas.

-     Detritos (que estarão ou dissolvidos ou em suspensão) que podem ser de origem vegetal (ex: húmus e o tanino que dão cor ao rio Negro); de origem animal (restos de animais mortos ou suas excretas) e restos de atividade humana de todo tipo.

Por isso, na grande maioria das vezes, as águas superficiais não atendem aos padrões de potabilidade fixados pelas normas (embora possam, eventualmente, não causar doenças). Somente rios de cabeceiras, correndo em solos arenosos e rochosos e em bacias protegidas, é que podem eventualmente atender às normas de potabilidade, mas lembrando que até excretas de animais silvestres podem ter contaminantes. Por segurança, o uso de águas superficiais deve, no mínimo, ser feito com adição de um desinfectante (cloro) que tenderá a eliminar a maior parte de microorganismos, incluindo aí os eventuais patogênicos de doenças de veiculação hídrica.

4º  A maior parte das águas de chuva cai nos mares, pois sua superfície é varias vezes maiores que a dos terrenos. Os mares são também alimentados pela chegada dos rios (foz).

5º  Se a água ficou no lençol subterrâneo (convencionalmente o que se situa a mais de 50 m de profundidade) deverá ser retirada por bombas. Há casos (poucos) de afloramento de água subterrânea (poço jorrante). Isso se deve ao fato de estar a água às vezes confinada por camadas impermeáveis e por razões de topografia, o lençol confinado aflora, e água com pressão sai do terreno jorrando.

A água do lençol subterrâneo, e em geral é, proveniente de pontos de infiltração distantes dezenas e até centenas de quilômetros do local da captação. Seguramente, se quando a água que se infiltrou tinha micro-organismos, eles desaparecerão ao longo do percurso ao percolar no solo. Se a água subterrânea não contém micro-organismos, ela pode carregar alto teor de sólidos dissolvidos dependendo do terreno no percurso. Em terrenos ricos em calcário, o passar da água subterrânea, ao solubilizar o solo, forma até cavernas.

A água subterrânea em face de toda sua história de formação:

-     Pode possuir características que atendam a todos os padrões de potabilidade, e uma desinfecção só seria necessária quando se deseja uma garantia adicional, por medo de contaminação no sistema de distribuição (caixas de água mal conservadas, por exemplo);

-     Pode ter contaminação biológica através de infiltração na parte superior do poço por água do lençol freático eventualmente contaminado. Evita-se essa contaminação com a impermeabilização do poço nos primeiros 15 metros, e impedindo que as águas de enxurrada entrem no poço.

-     Pode não ter características de potabilidade pelo fato de transportar sólidos que causem gosto e cheiro à água. Como regra geral, é muito fácil remover sólidos suspensos na água do que sólidos dissolvidos (ex.: é a dificuldade de tratar a água do mar para fins potáveis). As águas de poços profundos têm, às vezes, temperatura superior à ambiente. Isso se deve ao fato de, ao passar por solos subterrâneos, ocorrer reações exotérmicas (liberação de calor). Essas águas térmicas são fonte de atração turística, e para serem usadas no sistema de abastecimento costumam ser resfriadas em torres de aeração.

6º  Águas de minas e nascente – são as que se infiltram e por razões de relevo voltam a superfície. O ponto de origem da infiltração pode estar próximo ou distante. Como é uma água que passou pelo lençol subterrâneo, sofre algum tipo de filtragem e uma eventual contaminação anterior por micro-organismos foi contida ou limitada. Normalmente as características de cor, turbidez e presença de micro-organismos dessas águas são sensivelmente melhores do que as das superficiais (rios e córregos). Para usar água de nascente é preciso tomar alguns cuidados mínimos:

-     As nascentes devem ser protegidas por valetas que impeçam contaminação por águas de enxurradas, águas essas sempre suspeitas;

-     Ter cuidado para afastar das proximidades, residências e criação de animais, a fim de evitar que dejetos penetrem no lençol freático que abastece a nascente;

-     Por cautela, águas de nascentes, quando possível devem ser canalizadas e represadas, onde será desejável uma cloração.
           
7º  Poços rasos (captação do lençol freático). A diferença entre poço raso e profundo está na profundidade da escavação. Poços rasos possuem profundidades de aproximadamente 20m. Na maioria das vezes são de escavação manual pelos chamados poceiros e, por isso, tem diâmetro maior que os poços profundos, que são escavados mecanicamente, e possuem diâmetros da ordem de 20 a 50m.

O poço raso retira água do primeiro lençol (freático), onde a água entrou no maciço terroso e a filtração que ocorre através da percolação do terreno possivelmente não ocorre e, assim, podem ser alimentados por águas contaminadas. Os poços rasos são escavados próximos às residências e, portanto, perto de focos de contaminação. Para que as águas de poços rasos tenham melhor qualidade é preciso:

-     construir os poços a montante de fossas próximas;

-     dar destino adequado aos esgotos por meio de fossa séptica e valas de infiltração situadas o mais distante possível do poço;

-     enterrar o lixo, evitando o ataque por ratos, baratas e moscas;

-     a abertura do poço deve estar em cota mais alta que o terreno, para impedir que águas de enxurradas o atinja;

-     fazer periódicas limpezas e desinfecções do poço com água de lavadeira (hipoclorito de sódio), etc.

8º  As águas de rios e lagos, por receberem contribuições de águas superficiais e por drenarem grandes bacias onde sempre há ocupação humana (uso urbano, industrial e agrícola de área), nunca atendem os padrões de potabilidade. Os mananciais protegidos têm toda a bacia contribuinte desapropriada, e não há, em toda a bacia, nenhuma casa, nenhuma atividade agrícola ou industrial.

9º  O tratamento convencional é composto de tratamento químico de coagulação, decantação, filtração e cloração.

10º Por vezes temos que usar mananciais altamente poluídos por falta de outra solução Nos tratamentos especiais podem ocorrer pré-cloração, dupla filtração, emprego de carvão ativado e de ozona, etc.

11º O manancial mar. Até há alguns anos pensar em água do mar para uso potável era uma alternativa econômica fora de cogitação. Hoje, o mar é fonte de água potável no Kuait; em plataformas oceânicas de prospecção de petróleo e em grandes embarcações.

12º Sistema de distribuição. A água tratada é potável, passa para a rede e deve chegar em condições de potabilidade até a torneira do usuário mais distante. Os fatores que podem contribuir para que isso não ocorra são:

-     A rede distribuidora fica seca e a água do lençol freático (sempre poluído) pode penetrar através de juntas com defeitos, situação essa que não ocorre quando se mantém a rede em carga (com pressão) que é a melhor proteção sanitária da rede de água.

-     Caixas de água domiciliares e prediais sujas. Pelo menos a cada seis meses cada reservatório deveria ser lavado, desinfetado e verificado se não apresenta possibilidade de contaminação.

Para se ter certeza de que a água chegará potável a torneira, uma das preocupações adicionais às já citadas é manter ao longo de toda a rede um teor mínimo de cloro. Um sistema só pode ser considerado confiável se permanentemente produz água dentro dos padrões estabelecidos.

13º Sistema de esgotos. A água usada de alguma forma e em alguma proporção terá que ser disposta e o ideal é que seja pela rede de esgotos. Se for um sistema individual de disposição, caso de habitações isoladas, o terreno e o lençol freático serão seu destino. No caso de cidades, deve haver uma rede de esgotos com tratamento adequado. O efluente tratado pode ou não ser clorado, dependendo dos usos do corpo receptor a jusante. A tendência atual é desestimular, sempre que tecnicamente possível, o tratamento individualizado pelas indústrias de seus despejos (e de lixo) preferindo-se que o mesmo seja dirigido para a rede pública de esgotos. Caberia à indústria apenas fazer, quando necessário, um pré-tratamento corretivo para impedir que, por exemplo, despejos ácidos explosivos ou inflamáveis atinjam a rede e a destrua. O resto, ou seja, todos os outros tipos de despejos podem e devem ser ligados à rede pública mediante um sistema de tarifas. Com isso se consegue:

-     economia de escala;

-     a indústria não consome nem espaço e nem se dedica a uma atividade que não é sua atividade-fim;

-     melhor controle de qualidade de locais de tratamento, pois o número destes locais será menor e o pessoal de alto nível necessário ficará reduzido.

14º Tratamento industrial da água para fins especiais. Algumas indústrias não se satisfazem com quantidade de água potável. Nesses casos elas próprias fazem tratamentos específicos, como a remoção de sais que causam dureza e que podem dar problemas em suas caldeiras de alta pressão. Certas tecelagens removem adicionalmente ferro e manganês, algumas indústrias removem cloro, outras oxigênio dissolvido e outras removem quase todos os sais para diminuir a condutividade elétrica da água.

15º Rios, lagos e mares são o destino final dos esgotos tratados. Com o crescimento da população e da atividade industrial e agrícola, a qualidade das águas dos rios e lagos vêm em muitos casos se deteriorando progressivamente. Por vezes, tratamentos convencionais de esgotos (processo biológico) já não são suficientes, e impondo exigências adicionais como, por exemplo, a remoção de fósforo para impedir que nos cursos d’água haja um crescimento exagerado de algas (o elemento fósforo é necessário a esse crescimento, sendo sua remoção um fator limitante).

A poluição por atividades agrícolas que podem lançar nos rios defensivos e adubos é um novo tipo de poluente que começou a preocupar as autoridades sanitárias nos últimos 30 anos.

As impurezas contidas nas águas são adquiridas nas diversas fases do ciclo hidrológico; (manancial) e na distribuição.

·      Precipitação atmosférica ® as águas de chuvas podem arrastar impurezas existentes
na atmosfera (O2, N2 e CO2) e poeiras em suspensão. Nesta fase é menos frequente a existência de micro-organismos patogênicos.

·      Escoamento superficial ® as águas lavam a superfície do solo e carreiam as
impurezas existentes: partículas terrosas, detritos vegetais e animais, fertilizantes, estrume, inseticidas (áreas cultivadas), etc.; podem conter elevada concentração de micro-organismos patogênicos; muitas impurezas podem inclusive ser carreadas juntamente com as águas que se infiltram no solo.

·      Infiltração no solo ® nesta fase há certa filtração das impurezas, mas dependendo de
características geológicas locais, muitas impurezas podem ser adquiridas pelas águas, através, por exemplo, da dissolução de compostos solúveis. Por outro lado, as impurezas podem ser carreadas para outros pontos, através, do caminhamento natural da água no lençol aquífero; este pode estar contaminado, por exemplo, por matéria fecal originada de soluções inadequadas para o destino final dos dejetos humanos, como as fossas negras.

·      Despejos diretos ® águas residuárias e lixo, esgotos sanitários, resíduos
líquidos industriais, indevida e/ou inadequadamente lançados nas águas naturais, vão levar impurezas que poluem as águas naturais; inclusive podem favorecer o desenvolvimento de tipos inconvenientes de algas.

·      Represamento ® nas represas as impurezas sofrem alterações decorrentes de ações de
múltiplas naturezas (física, química, biológica); o repouso pode, contudo, favorecer a melhoria da qualidade da água pela sedimentação, principalmente das partículas maiores, purificando até certo ponto a água. E igualmente considerável a ação dos raios solares.

·      Captação ® não deve ser localizada a jusante de um lançamento de esgotos,
devendo-se mudar, ou o local de captação, ou o ponto de lançamento dos esgotos.

·      Adução ® deve ser executada com os devidos cuidados; por exemplo, não se deve
aduzir água tratada em canais abertos.

·      Tratamento ® nas próprias instalações de tratamento existem possibilidades de
contaminação, como por exemplo, em filtros em mau estado, com descontinuidade na sua camada de areia (“crateras”), em canais abertos que conduzem água filtrada, etc. A cloração da água, quando feita inadequadamente também pode apresentar problemas de insegurança sanitária, mau cheiro, etc.

·      Recalque ® o sistema de distribuição de água deve ser bem projetado; por exemplo,
as linhas de distribuição de água devem estar a mais de três metros das linhas de esgotos. Os reservatórios de água tratada devem ser cobertos

·      Instalações hidráulico-sanitárias prediais ® devem ser executadas com materiais e
técnicas adequadas; por exemplo, o emprego excessivo de tubos de chumbo pode causar a doença denominada saturnismo; as instalações devem ser bem executadas para se evitarem as interconexões perigosas, e as possibilidades de refluxos perigosos que podem introduzir água contaminada no sistema de distribuição de água.

sábado, 22 de outubro de 2011

SISTEMA DE SANEAMENTO DE ÁGUA I


INTRODUÇÃO E DOENÇAS RELACIONADAS


Saneamento de água se restringe ao abastecimento de água e disposição de esgotos, mas há quem inclua o lixo nesta categoria, tendo os seguintes objetivos: controle e prevenção de doenças, melhoria da qualidade de vida da população, melhorar a produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica.

“Boa tarde, leitores. Estamos chegando ao fim do módulo final da Engenharia Civil. E para fecharmos bem, pretendo dividir Sistema de Saneamento de Água em seis unidades. E na última postagem como mencionei no isso do módulo, falarei sobre Engenharia Sanitária”, Alex Silva.

Conceitos fundamentais

·      Saúde é o completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de
doenças e infecções (OMS).

·      Saúde pública é a ciência e a arte de promover, proteger e recuperar a saúde, através
de medidas de alcance coletivo e de motivação da população. A saúde pública cumpre principalmente as funções de educar e prevenir. A saúde pública tem como principais colaboradores a medicina preventiva e social e o saneamento.

·      Saneamento do meio estuda as relações do homem com o meio físico. É definido
como sendo o controle de todos os fatores que podem exercer efeitos nocivos sobre seu bem-estar físico, mental ou social (OMS).

·      As atividades do saneamento envolvem, principalmente:

-     abastecimento de água;
-     sistema de esgotos (domésticos, industriais e águas pluviais);
-     acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e ou destino final dos resíduos
sólidos (lixo);
-     saneamento dos alimentos;
-     controle da poluição ambiental (água, ar, solo, acústica e visual);
-     controle de artrópodes e de roedores de importância em saúde pública;
-     saneamento da habitação, dos locais de trabalho, de educação e de recreação e dos
hospitais;
-     saneamento e planejamento territorial;
-     saneamento dos meios de transporte;
-     saneamento em situação de emergência;
-     aspectos diversos de interesse no saneamento do meio (cemitérios, aeroportos,
ventilação, iluminação, insolação, etc.).

·      Sistema público de abastecimento de água é o conjunto de estruturas, equipamentos,
canalizações, órgãos principais e acessórios, peças especiais destinadas ao fornecimento de água segura e de boa qualidade para os prédios e pontos de consumo público, para fins sanitários, higiênicos e de conforto da população

·      O sistema de abastecimento compreende basicamente: manancial (captação), adução,
estação elevatória, tratamento, reservação e distribuição.

A água na transmissão de doenças

Dos muitos usos que a água pode ter, alguns estão intimamente relacionados com a saúde humana:

·      Água utilizada como bebida ou na preparação de alimentos. Neste caso há contato
direto entre a água e o organismo humano.

·      Água utilizada no asseio corporal ou a que, por razões profissionais ou outras
quaisquer, venha a ter contato direto com a pele ou mucosas do corpo humano (ex.: trabalhadores agrícolas, lavadeiras, atividades recreativas). Neste caso também há contato direto entre a água e o organismo humano.

·      Água empregada em manutenção da higiene do ambiente e, em especial, dos locais e
instalações e usados no manuseio, preparo e ingestão dos alimentos (domicílios, restaurantes, bares, etc.). Há contato principalmente indireto.

·      Água utilizada na rega de hortaliças ou nos criadouros de moluscos (ostras, mariscos,
etc.). O contato com a água é principalmente indireto.

Os sistemas de abastecimento de água de uma comunidade desde a captação, adução,
tratamento, reservação e distribuição, bem como dos domicílios e edifícios em geral deve ser bem projetado, construído, operado, mantido e conservado, para que a água não se torne veículo de transmissão de diversas doenças. Essas doenças podem ser classificadas em dois grupos:

·      Doenças de transmissão hídrica ® a água atua como veículo propriamente dito, do
agente infeccioso (como por exemplo, no caso de febre tifoide, da disenteria bacilar, etc.).

Os microorganismos patogênicos responsáveis por essas doenças atingem a água com as fezes de pessoas ou animais infectados. Essas doenças atingem notadamente o aparelho intestinal. Em geral, os microrganismos normalmente presentes na água podem: ter seu “habitat” normal nas águas de superfície; ter sido carreados pelas águas de enxurradas; provir de esgotos domésticos e outros resíduos orgânicos, que atingiram a água por diversos meios; ter sido trazidos pelas chuvas na lavagem atmosférica.

Relativamente aos microorganismos patogênicos, as doenças de transmissão hídrica podem ser ocasionados por:

Ø bactérias : febre tifoide, febres paratifoides, disenteria bacilar, cólera;
Ø protozoários: amebíase ou disenteria amebiana;
Ø vermes (helmintos) e larvas: esquistossomíase;
Ø vírus : hepatite infecciosa e poliomielite.

·      Doenças de origem hídrica ® a água pode conter certas substâncias (denominadas
contaminantes tóxicos), que em teor inadequado dão origem a doenças como fluorose (excesso de flúor), metemoglobinemia ou cianose (excesso de nitrato), bócio (carência de iodo) e saturnismo (excesso de chumbo).

Quatro tipos de contaminantes tóxicos podem ser encontrados nos sistemas públicos de abastecimento de água:

Ø Contaminantes naturais de uma água que esteve em contato com formações
minerais venenosas. Os contaminantes de origem mineral incluem: o flúor, o selênio, o
arsênio e o boro. Com exceção do flúor, raramente são encontrados em teores capazes de ocasionar danos.

Ø Contaminantes naturais de uma água ocasionados por colônias de micro-organismos
venenosos como certos tipos de algas que dão à água aspecto repulsivo ao homem, que tem assim uma defesa natural através dos seus sentidos; não obstante, a mortalidade de gado que ingere esses contaminantes tem sido verificada.

Ø Contaminantes introduzidos pela corrosão de tubulações metálicas podem ocasionar
distúrbios, principalmente em águas moles (dureza baixa) ou que contenham certo teor de bióxido de carbono (o que pode ocorrer por prática inadequada no tratamento da água).

Ø Contaminantes introduzidos nos cursos d'água por certos despejos ­industriais.
Dos metais empregados nas tubulações, o único de toxidez comprovada (e cumulativa)
é o chumbo (saturnismo). Cobre, zinco e ferro, mesmo em pequenas quantidades dão à
água gosto metálico característico e são responsáveis por certos distúrbios em
determinadas operações industriais.

Obs.: O tratamento químico da água para coagulação, desinfecção e destruição de algas ou controle da corrosão pode ser uma fonte potencial de contaminação da água.

As doenças relacionadas com a água podem ser causadas por:

·      Agentes microbianos ® são as doenças que apresentam caráter infeccioso ou
parasitário. A penetração no organismo pode ser por via predominantemente oral (cólera, febre tifoide, febre paratifoide; hepatite infecciosa, diarreias infantis) e por via principalmente cutânea - pele ou mucosa (esquistossomose; leptospirose; outras doenças que se referem aos banhos de praia, piscinas, rios, etc.).

·      Agentes Químicos ® a água, através do seu ciclo hidrológico, está em permanente
contato com os constituintes da atmosfera e da crosta terrestre, dissolvendo muitos elementos e carreando outros em suspensão. O homem também, por suas múltiplas atividades, nela introduz substâncias das mais diversas naturezas. Assim, os poluentes químicos podem ser naturais (substâncias minerais e orgânicas dissolvidas ou em suspensão e gases provenientes da atmosfera) e podem ser artificiais (resultante das substâncias empregadas no tratamento da água - sulfato de alumínio, cal, etc.; uso indiscriminado de pesticidas, herbicidas, carrapaticidas, inseticidas, raticidas, etc.; de despejos industriais; dos esgotos sanitários; da emissão das chaminés das fábricas; incineradores).

Doenças relacionadas com a falta de saneamento

Reconhece-se que o fator quantidade de água tem tanta ou mais importância que a qualidade, na prevenção de algumas doenças. A escassez da água dificultando a limpeza corporal e a do ambiente permite a disseminação de enfermidades associadas à falta de higiene. Assim, a incidência de certas doenças diarreicas, varia inversamente à quantidade de água disponível "per capita" mesmo que essa água seja de qualidade muito boa. Doenças cutâneas e infecções provocadas por piolho podem ser evitadas ou atenuadas onde existe conjugação de bons hábitos higiênicos (saneamento) e quantidade de água suficiente.

As doenças referentes à deficiência de saneamento básico são classificadas como:

·      doenças transmitidas pela água;
·      doenças causadas pela falta de água;
·      doenças causadas por agentes que dependem do meio aquático;
·      doenças transmitidas por insetos (vetores que dependem do meio aquático);
·      doenças causadas por organismos aquáticos ingeridos de forma crua.

Ø As doenças mais importantes são as transmitidas pela água: cólera, febre tifoide e
febres paratifoides; disenteria infecciosa; leptospirose; giardíase; enterites gastrointestinais.

Ø As doenças intestinais são causadas pela falta de saneamento, pela água de má
qualidade e pela ausência de condições adequadas para a disposição de dejetos humanos.

Ø Sempre que as águas imundas são encaminhadas ao solo, às sarjetas e aos cursos de
água elas podem constituir perigosos focos de disseminação de moléstias graves.

Ø A má disposição de lixo, por sua vez, além de provocar a multiplicação de vetores
perigosos, pode causar contaminação de águas superficiais e subterrâneas (lençóis freáticos).

Ø A água é também indispensável ao ciclo biológico de muitos vetores animados,
responsáveis por doenças graves. Os mosquitos que transmitem a malária e a febre amarela têm a fase larvária, obrigatoriamente em meio aquático. Assim, doenças como a malária, indiretamente, estão relacionadas com a água; neste caso, a água não atua como veículo, mas o mosquito transmissor se procria nas coleções de água, e, portanto, ao se estudar a construção de um reservatório de acumulação destinado ao abastecimento de água, deve-se investigar as espécies de mosquitos existentes na área de inundação e vizinhanças, bem como aspectos epidemiológicos relacionados à malária.

Ø A ingestão de organismos aquáticos (peixes e mariscos) em estado cru, contaminados
por doenças perigosas (cólera) que chegam ao mar e cursos d'água pela falta de coletores de esgotos e tratamento de efluentes na região pode contaminar pessoas. Essas pessoas viajando, podem transportar os agentes causadores dessas doenças em suas fezes e ser o foco de contaminação de água e alimentos.
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Vídeo superimportante mostrando a relação entre doenças e a água contaminada.


sábado, 15 de outubro de 2011

PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES VI

IMPERMEABILIDADE DAS CONSTRUÇÕES


A necessidade de impermeabilização na construção civil é imposta porque os componentes utilizados em obras (ex:
tijolos, blocos de concreto, argamassas, etc) são porosos e permitem a penetração da umidade.


Introdução

A impermeabilização na construção civil tem como objetivo impedir a passagem indesejável de água, fluído e vapores, podendo contê-los ou dirigi-los para o local que se deseja.

A importância da impermeabilização, além de permitir a habitabilidade e funcionalidade da construção civil, é relevada no objetivo de proteger a edificação de inúmeros problemas patológicos que poderão surgir com infiltração de água, integradas ao oxigênio e outros componentes agressivos da atmosfera (gases poluentes, chuva ácida, ozônio), já que uma grande quantidade de materiais constituintes da construção civil sofre um processo de deterioração e degradação, quando em presença dos meios agressivos da atmosfera.

Têm-se verificado com frequência que a impermeabilização não é analisada com a devida importância por parte de alguns engenheiros, construtores, arquitetos, projetistas e impermeabilizadores. Como consequência, a infiltração de água acarreta uma série de consequências patológicas como corrosão de armaduras, eflorescência, degradação do concreto e argamassa, empolamento e bolhas em tintas, curtos-circuitos, etc., gerando altos custos de manutenção e recuperação.

Para se ter uma ideia do montante dos gastos de recuperação e manutenção de obras, existem estimativas que superam 2,5% do PIB, algo em torno de 12 bilhões de dólares anuais. Em muitos casos a origem é devido à ausência ou inadequada impermeabilização.

O custo de uma impermeabilização na construção civil é estimado em 1% a 3% do custo total de uma obra. No entanto, a não funcionalidade da mesma poderá gerar custos de re-impermeabilização que superam 5% a 10% do custo da obra, já que muitas vezes as re-impermeabilizações envolvem quebras de piso cerâmico, granito, argamassas etc., sem levar em consideração custos de problemas patológicos mais importantes e outros transtornos ocasionados, como depreciação de valor patrimonial, manchas em veículos e utensílios, utilização normal da área impermeabilizada, etc.

Portanto, é de suma importância o estudo adequado da impermeabilização de forma a utilizarmos todos os recursos técnicos disponíveis para executá-la da melhor forma possível.

Tecnologia da impermeabilização

O desempenho adequado da impermeabilização é obtido com a interação de vários componentes, diretamente relacionados entre si, pois a falha de um deles pode prejudicar o desempenho e a durabilidade da impermeabilização. Os principais componentes são:

Projeto de impermeabilização

O projeto de impermeabilização deve fazer parte integrante dos projetos de uma edificação, como hidráulica, elétrica, cálculo estrutural, arquitetura, paisagismo, fôrmas, etc., pois a impermeabilização necessita ser estudada e compatibilizada com todos os componentes de uma construção, de forma a não sofrer nem ocasionar interferências.

O projeto de impermeabilização tem como função elaborar, analisar, planificar, detalhar, descriminar e adotar todas as metodologias objetivando o bom comportamento da impermeabilização, compatibilizando os possíveis sistemas impermeabilizantes a serem adotados com a concepção da edificação.

Uma grande parte dos insucessos de uma impermeabilização pode ser atribuída à ausência ou erros na elaboração de um projeto de impermeabilização.

Por muitas vezes uma obra é iniciada, utilizando um conjunto de projetos construtivos incompletos. Chegada à etapa da impermeabilização, percebe-se uma série de interferências que dificultam a sua execução, tais como: tubulações passando rente às lajes e paredes, cotas finais que impedem a execução de caimentos, ralos de diâmetro reduzido, falta de altura adequada para arremates dos rodapés, caixilhos montados impedindo arremates adequados, execução de enchimentos, etc. Nestes casos, para um bom desempenho e segurança da impermeabilização, são necessários demolições, abertura de rasgos em alvenarias, retirada de caixilhos, etc., que acabam por aumentar o custo da construção. As adaptações, que muitas vezes o aplicador é levado a fazer, acabam por acarretar problemas a médio ou longo prazo.

Outras vezes, encontra-se especificação de sistemas de impermeabilização inadequados, que não vão atender às necessidades de desempenho exigidas pela obra. Simplesmente é aberto um catálogo de fabricante e especifica-se qualquer material, sem analisar suas propriedades e desempenho. Também é comum a especificação dirigida por um fabricante ou aplicador de impermeabilização, que, embora na maioria das vezes tenham experiência, em alguns casos objetivam unicamente a finalidade comercial. No entanto, existem fabricantes sérios que produzem produtos de qualidade, que possuem software técnico, que são de grande auxílio no assessoramento para a execução de um bom projeto.

Deve-se sempre lembrar que para a execução de um bom projeto, é necessário boa experiência ou assessoramento por profissional competente.

O projeto de impermeabilização, obviamente deve indicar as regiões que necessitem de estanqueidade à percolação de fluidos, bem como indicar os sistemas mais apropriados para garantir a impermeabilidade.

O projeto deve ser elaborado por especialista em impermeabilização, que deverá colher informações básicas e contatos com os demais projetistas, como o arquiteto, o calculista, paisagista, projetista elétrico e  hidráulico, etc., já que as modificações que porventura vierem a ser necessárias, logicamente necessitam ser discutidas e transmitidas a todos os planejadores, de forma a possibilitar a compatibilização de todos os projetos.

Ao se iniciar um projeto, deve-se efetuar a análise dos projetos básicos da obra, procurando evidenciar as áreas que necessitam de impermeabilização. Neste ponto, inicia-se um estudo preliminar dos sistemas adequados para a execução da impermeabilização. Elaboram-se a seguir o anteprojeto, avaliando mais detidamente as interferências que haverão de surgir com os detalhes de acabamento, instalações elétricas, hidráulicas, equipamentos, etc., finalizando o estudo com a elaboração do projeto definitivo.

Qualidade de materiais e sistema de impermeabilização

Materiais impermeabilizantes são basicamente produtos com propriedades de impedir a passagem d’água ou fluídos, sob forma líquida ou vapor.

Existem umas séries de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No entanto, ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado para se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de propriedades e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições impostas pela área a ser impermeabilizada.

Existem no Brasil diversos produtos impermeabilizantes, de qualidade e desempenho variáveis, de diversas origens e métodos de aplicação, normalizados ou não, que deverão ter suas características profundamente estudadas para se escolher um adequado sistema de impermeabilização.

Como exemplo, existem produtos cancerígenos utilizados em impermeabilização de reservatórios, produtos que sofrem degradação química do meio a que estão expostos, produtos de baixa resistência à água, baixa resistência a cargas atuantes, não suportam baixas ou altas temperaturas, dificuldade ou impossibilidade de aplicação em determinados locais ou situações, baixa resistência mecânica, a fadiga, durabilidade, etc.

Deve-se sempre procurar conhecer todos os parâmetros técnicos e esforços mecânicos envolvidos para a escolha adequada do sistema impermeabilizante. A complexidade na escolha dos sistemas impermeabilizantes para uma determinada necessidade está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos impermeabilizantes e das exigências e condições específicas do local que se deseja impermeabilizar. Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos sistemas impermeabilizantes e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada será a escolha.

Qualidade da execução da impermeabilização

Por melhor que seja o material ou o sistema de impermeabilização, de nada adianta se o mesmo é aplicado por pessoa ou empresa não habilitada na execução da impermeabilização.

Deve-se sempre recorrer a equipes especializadas na aplicação dos materiais impermeabilizantes. A mesma deverá ter conhecimento do projeto de impermeabilização; ser recomendado pelo fabricante do material; que possua equipe técnica e suporte financeiro compatível com o porte da obra; que ofereça garantia dos serviços executados, etc.

Qualidade da construção da edificação

A impermeabilização deve sempre ser executada sobre um substrato adequado, de forma a não sofrer interferências que comprometam seu desempenho, tais como: regularização mal executada, fissuração do substrato, utilização de materiais inadequados na área impermeabilizada, (como tijolos furados, enchimentos com entulho, passagem inadequada de tubulações elétricas e hidráulicas), falhas de concretagem, baixo cobrimento de armadura, sujeira, resíduos de desmoldantes, ralos e tubulações mal chumbados, detalhes construtivos que dificultam a impermeabilização, etc.

Quando a impermeabilização é aplicada num substrato inadequado, a mesma acaba por sofrer as consequências destes defeitos, que ao longo do tempo certamente acarretarão patologias construtivas.

Fiscalização

O rigoroso controle da execução da impermeabilização é fundamental para seu desempenho, devendo esta fiscalização ser feita não somente pela empresa aplicadora, mas também, pelo engenheiro responsável pela obra, pelo projetista ou entidade fiscalizadora designada para a finalidade.

Deve-se sempre obedecer ao detalhamento do projeto de impermeabilização e estudar os possíveis problemas durante o transcorrer da obra, verificando se a preparação da estrutura para receber a impermeabilização está sendo bem executada, se o material aplicado está dentro das especificações no que tange a qualidade, características técnicas, espessura, consumo, tempo de secagem, sobreposição, arremates, testes de estanqueidade, método de aplicação, proteções, etc.

Preservação da impermeabilização

Deve-se impedir que a impermeabilização aplicada seja danificada por terceiros, ainda que involuntariamente, por ocasião da colocação de pregos, luminárias, pára-raios, antenas coletivas, playground, equipamentos, pisos e revestimentos, etc.

Considerar a possibilidade de ocorrência destes fatos quando da execução do projeto. Caso isto não seja possível, providenciar a compatibilização em época oportuna, evitando adotar as soluções paliativas.

Deve-se também comunicar ao usuário da edificação dos cuidados em preservar a impermeabilização, evitando danos provocados por manutenção de jardim, desentupimento de ralos, reparos hidráulicos, reformas, chumbamento de equipamentos, antenas, etc. Assim sendo, incluir na documentação a ser entregue para o proprietário da obra um capítulo sobre os cuidados com a impermeabilização.

Existe uma série de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No entanto, ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado para se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de propriedades e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições impostas pela área a ser impermeabilizada, como por exemplo:

Ø Impermeabilidade:

§  água em forma liquida;
§  água sob forma de vapor;
§  resistência a pressão hidrostática;
§  absorção d’água.

Ø Resistência:


§  tração;
§  compressão;
§  alongamento;
§  deformação residual;
§  aderência ao suporte;
§  fadiga;
§  puncionamento estático;
§  puncionamento dinâmico;
§  rasgamento;
§  grau e tipo de fissuração da estrutura;
§  degradação a agentes químicos;
§  abrasão.

Ø Térmica:


§  altas temperaturas;
§  baixas temperaturas;
§  ciclos térmicos;
§  estabilidade térmica dimensional;
§  flexibilidade a baixas temperaturas.

Ø Flexibilidade:


§  flexível;
§  semiflexível;
§  rígido;
§  grau de flexibilização;
§  deformabilidade;
§  elasticidade/plasticidade.

Ø Método de aplicação:


§  pré-fabricado;
§  moldado in loco;
§  aplicação a quente;
§  aplicação a frio;
§  base água ou solventes.

Ø Proteção:


§  autoprotegido;
§  requer proteção;
§  resistente ao intemperismo;
§  proteção térmica.

Ø Substrato:


§  aderido ao substrato;
§  não aderido ao substrato;
§  requer berço amortecedor;
§  presença de umidade no substrato;
§  resistência do substrato;
§  rugosidade do substrato;
§  composição do substrato.

Ø Formas do substrato:


§  baixa inclinação;
§  alta inclinação;
§  planas / abobadadas / cilíndricas / esféricas / côncavas / complexas.

Ø Durabilidade:


§  estabilidade ao longo do tempo;
§  vida útil;
§  necessidade de conservação periódica.

Ø Outras considerações:


§  grau de especialização na aplicação;
§  exequibilidade;
§  custo;
§  rapidez na aplicação;
§  fatores de risco e exigências de segurança;
§  armazenamento;
§  normalização na ABNT;
§  exigências de EPI;
§  toxidade;
§  restrições de utilização.

A complexidade na escolha de um sistema impermeabilizante para uma determinada necessidade está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos impermeabilizantes e das exigências e condições específicas da local que se desejam impermeabilizar. Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos sistemas impermeabilizantes e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada será a escolha. Assim sendo, são descritas abaixo algumas características dos principais materiais impermeabilizantes utilizados no Brasil.
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Confira esse interessante vídeo feito pelo professor Fábio Ribeiro, do grupo Kroton, explicando sobre a importância do projeto de impermeabilização.