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sábado, 26 de novembro de 2011

SISTEMA DE SANEAMENTO DE ÁGUA V

MANANCIAIS - CAPTAÇÃO DE ÁGUA SUBTERRÂNEA



Demonstração do poço tubular perante o poder público que garante a conservação da qualidade e quantidade das águas subterrâneas.


Ciclo hidrológico

A precipitação, o escoamento subterrâneo, o escoamento superficial e a evaporação são os estágios do ciclo hidrológico.

Da água precipitada, parte cai diretamente sobre as superfícies líquidas, parte escoa pela superfície do solo até os rios, ou até os lagos e reservatórios ou até o oceano; parte retorna imediatamente à atmosfera por evaporação das superfícies líquidas, do terreno e das plantas e parte escoa no interior do solo.

 Uma fração da água que iniciou a infiltração retorna à superfície do solo por capilaridade, por evaporação, ou é absorvida pelas raízes dos vegetais e após transpirada. O remanescente da água infiltrada constitui a água subterrânea; parte dela é descarregada à superfície da terra sobre forma de fontes.

A água em escoamento nos cursos de água é conhecida como deflúvio (runoff) e provém seja diretamente da precipitação por escoamento superficial seja indiretamente (principalmente nas épocas de estiagem) de lagos e reservatórios e de ressurgimento de água subterrânea.

A evaporação e a precipitação são forças condutoras no ciclo hidrológico, com a irradiação solar como a principal fonte de energia.

Classificação dos mananciais de água

Os mananciais ou fontes que fornecem a água para o sistema de abastecimento são divididos em três categorias:

·      subterrâneo (infiltração);
·      superficiais (escoamento superficial).
·      atmosférico (precipitação);

* Os dois primeiros mananciais são os mais importantes, sendo que nesta unidade, falaremos sobre os mananciais subterrâneos, deixando os superficiais para a última unidade.

São decorrentes do ciclo hidrológico:

·      Os mananciais atmosféricos são os mais puros do ponto de vista físico-­químico e
bacteriológico, porém de difícil captação;

·      Os subterrâneos são em geral de boa qualidade e relativa facilidade de obtenção;

·      Os superficiais são os mais poluídos, entretanto, na nossa região são os mais
utilizados para abastecimento.

Mananciais subterrâneos

São aqueles constituídos por águas que se encontram no subsolo ocupado por seus interstícios, fendas, falhas ou canais existentes nas diferentes camadas geológicas e em condições de escoar, obedecendo aos princípios da hidráulica. Minas nascentes e fontes são formas de surgência natural da água subterrânea.

Poços rasos ou profundos, tubulares ou escavados, drenos ou galerias filtrantes são obras destinadas a permitir a retirada artificial da água subterrânea.

Águas subterrâneas para abastecimento público

A água subterrânea apresenta-se como notável recurso em muitas regiões onde existem condições favoráveis para seu aproveitamento. Além disso, em certas áreas como o nordeste brasileiro onde as águas de superfície podem, em determinadas épocas, desaparecer quase totalmente, a água retirada de fraturas e folhas de rochas compactas tem sido a única fonte de suprimento de pequenos núcleos populacionais.

Um número considerável de cidades brasileiras consome água obtida de poços, principalmente do tipo tubular profundo.

As vantagens do aproveitamento de água subterrânea podem ser resumidas nos seguintes pontos:

·      qualidade, geralmente satisfatória, para fins potáveis;
·      relativa facilidade de obtenção;
·      possibilidade de localização de obras de captação nas proximidades das áreas de
consumo.

Quanto à qualidade, as águas de lençóis subterrâneos apresentam geralmente características físicas perfeitamente compatíveis com os padrões de potabilidade. Devido à ação da filtração lenta através das camadas permeáveis, apresentam-se com baixos teores de cor e turbidez, não sendo necessário, por isso, sofrer processos de tratamento. Em zonas calcárias são mais alcalinas do que em zonas graníticas.

Devida a ação de filtração são também isentas de bactérias normalmente encontradas em águas superficiais, a não ser que o lençol aproveitado esteja sendo atingido por alguma fonte poluidora nas proximidades do ponto de captação.

Sob o aspecto químico, entretanto, a água de certos aquíferos pode conter sais solúveis em maiores proporções e, por essa razão, chegar a ser imprópria para fins potáveis. Também a dureza poderá ser elevada em alguns casos e, assim, exigir um tratamento especial de abrandamento ainda que, para fins potáveis, ela não seja prejudicial.

A relativa facilidade de captação e a possibilidade de localização das obras nas proximidades dos centros de consumo concorrem para uma substancial economia no custo da instalação de sistemas de abastecimento.

Tipos de aqüíferos e de poços

São dois os tipos de aquíferos e de poços:

·      Aqüífero freático – aquele em que a água nele contida encontra-se confinada por
camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão atmosférica;

·      Aqüífero artesiano – aquele em que a água nele contida encontra-­se confinada
por camadas impermeáveis e sujeita a uma pressão maior que a pressão atmosférica;

·      Poço freático: - um poço perfurado em um aquífero freático terá o nível de água em
seu interior coincidente com o nível do lençol. Portanto, um poço freático é aquele que tem o nível de água no seu interior coincidindo com o nível do lençol;

·      Poço artesiano: é aquele em que o nível de água em seu interior subirá acima da
camada aquífera. Poderá, às vezes, atingir a boca do poço e produzir uma descarga contínua. Neste caso particular, o poço artesiano denomina-se jorrante ou surgente.

A alimentação dos aquíferos freáticos ocorre geralmente ao longo do próprio lençol, ao passo que, nos aquíferos artesianos, ela se verifica somente no contato da formação com a superfície, podendo ocorrer a uma distância considerável do local do poço. As condições climáticas ou o regime hidráulico observados na área de perfuração do poço, nesse caso, pouco ou nada influirão na produção do poço.

Tipos de captação

Obras de captação é um conjunto de estruturas e dispositivos destinados a permitir a retirada artificial da água subterrânea nas camadas em que se encontram. Vários são os tipos de captação de águas subterrâneas. A escolha desse tipo depende, entre outros fatores, da forma e surgência da água, da profundidade do lençol subterrâneo.

·      Caixa de tomada – é um dispositivo destinado tanto a proteger a fonte de encosta
como facilitar a tomada d’ água.

Se o afloramento da água ocorrer em um só ponto, a caixa de tomada poderá ter
dimensões mínimas suficiente apenas para permitir o acesso de um homem a seu
interior, para efeito de inspeção.

A caixa de tomada pode ser de concreto ou alvenaria provida de uma abertura de
inspeção com tampa, e de degraus e acesso feitos com barras de ferro.

No interior da caixa, além de crivo, através do qual a água tem acesso à adutora,
instalam-se um extravasor e uma tubulação de descarga com registro situado ao nível do
fundo.

Há também caixa de tomada com dois compartimentos, o primeiro para reter a areia presente, desde que a água possua areia em suspensão.

·      Galerias filtrantes – constituem um meio para captação do lençol freático
inclusive água de infiltração de rios.

Para fazer uma galeria, abre-se uma vala no terreno, a fim de ser instalada uma tubulação provida de orifícios, ou cujos tubos deixem entre si pequenos afastamentos, destinados à passagem da água.

A água captada é conduzida para uma caixa de tomada para dai ser aduzida por gravidade.

A galeria pode ser alimentada de um só lado, como ocorre quando utilizada nas fontes de encosta com vários pontos de afloramento ou dos dois lados, nas fontes de fundo de vale.

A galeria é utilizada na captação de água de infiltração quando a margem do rio é arenosa, em condições de promover um tratamento natural da água.

A captação direta do rio, em substituição à galeria, teria a inconveniência de impor o tratamento da água.

Com o decorrer do tempo vai se processando a colmatação das camadas filtrantes situados entre o rio e a galeria quando a turbidez é elevada, a ponto de, em certos casos, reduzir muito a descarga. Por isso, não são raros os exemplos de galerias abandonadas por decréscimo de produção.

A galeria é utilizada na captação de lençol freático quando este é de pequena espessura e fica situada à pequena profundidade.

·      Drenos – representa uma modalidade; de captação da água de lençóis afloram em
vários pontos de terreno no fundo dos vales.

Os drenos são feitos de tubulações, geralmente manilhas cerâmicas providas de orifícios, através dos quais a água tem livre passagem. Tais orifícios podem ser substituídos ou complementados por afastamentos deixados entre os tubos.

Dependendo da topografia local, as tubulações que constituem os drenos apresentam-se paralelas entre si, em formas de grelha ou de espinhas de peixe, ou convergem para um só ponto (poço coletor). São instalados em valas de pequena profundidade, onde são envolvidas por camada de cascalho.

Em todos os casos a água é conduzida para um poço coletor de onde geralmente, sofre recalque.

·      Poços escavados: são utilizados na captação de lençóis freáticos, por terem pequenas
profundidades, que raramente ultrapassa 20 m. São também conhecidos por poços rasos.
Existem diversos tipos de poços rasos, dos mais simples aos mais complexos de características que dependem, sobretudo da vazão desejada, da profundidade e da capacidade do lençol freático e da natureza das camadas do terreno:

-       Poço raso comum – é utilizado em pequenos sistemas de abastecimento. Consiste de
um buraco escavado no terreno, de forma cilíndrica com diâmetro de um a três metros de profundidade definida pela posição do lençol freático.

Geralmente os poços recebem um revestimento para dar sustentação as suas paredes, o qual é feito na maioria das vezes com alvenaria de pedra seca ou com tubulões pré-moldados de concreto, providos de orifícios que permitem a passagem da água.

-       Poço Amazonas: são usados em muitas áreas do vale amazônico, nas proximidades
do grande rio, onde se situam as cidades ribeirinhas, onde é impraticável a instalação de um poço raso comum. Isso é em decorrência da camada de areia muita fina que se torna movediça quando molhada, pela subida do nível do lençol freático nas épocas de enchente. O poço Amazonas é constituído de seções pré-fabricadas e depois instaladas no local.
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·      Poços perfurados – são aqueles para cuja abertura se impõe o emprego de maquinaria
especial. São empregados para o aproveitamento de lençóis artesianos e freáticos, estes quando de profundidade relativamente grande. Verificam-se cinco etapas na construção de um poço:

-       Perfuração – são diversos os métodos de perfuração de poços, que podem ser
agrupados em métodos de percussão e métodos hidráulicos rotativos.

Nos métodos de percussão utilizam-se algumas ferramentas acopladas entre si, as quais,
após serem elevadas por um cabo de aço movido por uma máquina especial, são
liberadas bruscamente para atingir o terreno que, sob impactos sucessivos, sendo
perfurado por esmagamento através do trépano.

Nos métodos hidráulicos rotativos, mais indicados para formação não consolidada, a perfuração é feita através de uma haste acoplada inferiormente a uma broca.

-       Revestimento – feito com tubulação, é utilizado em formação não­ consolidada
para impedir o desmoronamento das paredes do poço. Quando se utiliza o método de
percussão, o revestimento é instalado á medida que a perfuração vai se processando.

Nos métodos hidráulicos rotativos, o revestimento é feito depois de concluída a perfuração, pois, enquanto esta se processa, é a lama que evita o desmoronamento do poço.

O revestimento ainda tem a finalidade de impedir a penetração de água indesejável no interior do poço e ou a perda de água do poço por infiltração nas camadas do subsolo.

-       Instalação do filtro – os filtros são dispositivos instalados nas formações aquíferas
não consolidadas formando conjunto com o tubo de revestimento. São providos de aberturas que permitem o acesso da água para o interior do poço. Tais aberturas devem possuir dimensões que impeçam a passagem de areia fina, que é indesejável para o bom funcionamento da maioria dos conjuntos elevatórios utilizados.

Os filtros devem ter características que tornem pequena a perda de carga resultante da passagem da água para o interior do poço.

-       Cimentação – consiste no lançamento de uma pasta de cimento no espaço anular que
envolve o tubo de revestimento, com vista principalmente à proteção sanitária da água do poço.

-       Desenvolvimento – trata-se da última etapa de construção, que consiste na
provocação de fluxos de água de dentro para fora e vice-versa, objetivando dar-lhe o máximo de rendimento ou, em outras palavras, a máxima vazão específica. O desenvolvimento é geralmente feito quando o aqüífero existe em rocha não consolidada possuidora de percentagem limitada de areia fina.

Com o desenvolvimento objetiva-se, também, remover a lama utilizada na perfuração pelo processo hidráulico rotativo, lama essa que colmata as paredes do poço. Quando usado o método de percussão, em que os golpes do trépano alteram as características da formação, nas imediações do poço, tornando-a menos permeável à passagem da água, o desenvolvimento ainda concorre para desfazer esse trabalho negativo.
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Vídeo superinteressante elaborado por Rodrigo Fernandes Silva, pela disciplina de Análise e Gestão das Bacias Hidrográficas, em 2009, no Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).


terça-feira, 15 de novembro de 2011

SISTEMA DE SANEAMENTO DE ÁGUA IV


ELABORAÇÃO DE PROJETO DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA


O gráfico mostra alguns dados sobre o consumo de água na relação humana diária.

Prefácio

Este projeto é constituído de:

·      Características da comunidade;
·      Previsão da população de horizonte de projeto;
·      Estimativa do consumo de água;
·      Memória descritiva;
·      Memória de cálculo;
·      Especificações técnicas;
·      Orçamento.
                        
* Os quatro últimos vimos na unidade anterior.

Características da comunidade

Deve conter informações sobre as condições geopolíticas, administrativa, social e
cultural da localidade e informações detalhadas sobre:

·      Situação geográfica – localização dentro do estado ou região; coordenadas; distância
à cidade ou aos centros importantes; principais ligações de acesso (estrada de ferro, de rodagem; navegação aérea, marítima e fluvial);

·      Urbanismo – população; Plano Diretor, de Desenvolvimento; projetos urbanísticos;
áreas pavimentadas; praças; logradouros públicos; expansão territorial; loteamentos aprovados; etc.

·      Situação sanitária – atendimento médico; número de médicos e dentistas; hospitais;
clínicas; postos de saúde; quadro de saúde da população e doenças prevalecentes; sistema de abastecimento de água; sistema de esgoto sanitário e de águas pluviais; coleta e disposição de lixo; poluição.

·      Educação e cultura – população estudantil; número de colégios do 1º e 2º graus;
grupos escolares; universidades; bibliotecas.

·      Energia elétrica - existência; características (voltagem, ciclagem, etc.); custo;
disponibilidade; confiabilidade.

·      Comunicação – telefone; rádio; jornais; revistas; correio; televisão.

·      Situação econômica - produção agrícola; produção industrial; comércio; serviços;
receita x despesa.

·      Outras informações – solo (para escavação); mão-de-obra (disponibilidade e
qualificação); material disponível, etc.


Finaliza esta parte do projeto com uma justificativa para a implantação do sistema
público de abastecimento.

Previsão da população de horizonte de projeto

Crescimento populacional deveria ser definido pelos órgãos municipais de
planejamento.

Fixado o período de tempo durante o qual o sistema de abastecimento deverá satisfazer
faz-se o estudo da população correspondente a esse prazo.

Na prática, são aplicados diversos processos de previsão de população:

·      Processo aritmético – a partir de valores conhecidos: P0 e P1 correspondentes a to e
t, (referentes a dois cursos anteriores); calcula-se o incremento populacional nesse período.

R = (P1–P0) / (t1–t0), onde:

R = incremento ou taxa de crescimento
P0 = população no tempo inicial (t0)
P1 = população no tempo (t1)
P = população no tempo futuro (t)

A população varia linearmente com o tempo e o crescimento pressuposto é limitado.

·      Processo geométrico – calcula-se a razão de crescimento geométrico no período
conhecido.

Q = (P1 / Po)1 / (t1 – t0), onde:

q = razão do crescimento geométrico

Considera-se o logaritmo da população variando linearmente com o tempo e o
crescimento pressuposto é ilimitado.

·      Processo de curva logística – a partir dos valores das populações P0, P1 e P2,
correspondentes a três datas anteriores t0, t1 e t2, adota-se como curva de crescimento populacional uma curva definida por esses três pontos e que obedeça a equação abaixo e atenda a condição P12 > P0 . P2

P = K / [1 + (2,718)(a-bt), onde:

2,718 = base neperiana (e)
b = razão de crescimento da população
a = valor tal que para t = a / b há uma inflexão (mudança no sentido da curvatura) da
curva
K = limite de P (saturação da população).

Faz-se a determinação dos três parâmetros a, b e K mediante a resolução do sistema de
três equações e três incógnitas (a, b e K), obtidos mediante introdução de cada um.

A resolução do sistema de três equações acima fica bastante simplificada se os três
pontos censitários forem cronologicamente eqüidistantes.

A aplicabilidade da curva logística, entretanto, fica na dependência de estar satisfeita a
condição: P0 . Pz < (Pi)2

Sob a hipótese da curva logística, a população cresce assintoticamente para um valor
limite K.

·      Processo comparativo – consiste no traçado de uma curva arbitrária que se ajuste aos
dados já observados, sem se procurar estabelecer a equação da mesma. As extrapolações ou previsões de populações futuras obtêm-se prolongando a curva obtida, de acordo com a tendência geral verificada, usando um julgamento próprio.

Usa-se como elemento auxiliar, os dados de populações de outras cidades que já tenham maior número de habitantes que a estudada, com condições sócio-econômicas semelhantes.

De acordo com a NB – 587/89, a população futura deve ser avaliada de acordo com um dos seguintes critérios:

-       Mediante a extrapolação de tendências de crescimento, definidas por dados
estatísticos suficientes para constituir uma série histórica observando-se:

Ø A aplicação de modelos matemáticos (mínimos quadrados) aos dados censitários do
IBGE, escolhendo-se como curva representativa de crescimento futuro aquela que melhor se ajustar aos dados censitários:

Ø As principais curvas utilizadas para ajuste pelo método dos mínimos quadrados.

·      Distribuição demográfica – área de ocupação

A distribuição da população do projeto sobre a área atual e futura depende basicamente do Plano Diretor de Desenvolvimento da cidade formado pela prefeitura municipal e das seguintes condições: topografia, facilidade de expansão, terreno, planos urbanísticos e loteamento existente, hábitos e condições sócio-econômicos da população, critérios de serviços.

Em geral são os seguintes, os valores médios de densidade:

-       Áreas periféricas, casas isoladas e lotes grandes – de 25 a 50 hab./ha;
-       Casas isoladas, lotes médios e pequenos – de 50 a 75 hab./ha;
-       Casas geminadas, predominando um pavimento – de 75 a 100 hab./ha;
-       Casas geminadas, predominando dois pavimentos – de 100 a 150 hab./ha;
-       Prédios de apartamentos pequenos – de 150 a 250 hab./ha;
-       Prédios de apartamentos altos – 250 a 750 hab./ha;
-       Áreas comerciais – de 50 a 100 hab./ha;
-       Áreas industriais – de 25 a 100 hab./ha;
-       Densidade global média – de 50 a 150 hab.ha;

Estimativa do consumo de água

Os problemas de dimensionamento das canalizações, estruturas e equipamentos implicam em estudos diversos que incluem a verificação do consumo médio por pessoa, a estimativa do número de habitantes a ser beneficiado e as variações de demanda que ocorrem por motivos vários.

·      Usos da água

A água conduzida para uma cidade enquadra-se numa das seguintes classes de consumo ou de destino:

-       Doméstico – é a água consumida nas habitações e compreende as parcelas destinadas
a fins higiênicos, potáveis e alimentares, e à lavagem em geral. As vazões destinadas ao uso doméstico variam com o nível de vida da população, sendo tanto maiores, quanto mais elevado for esse padrão.

Estudos recentes apontam como representativos para as condições atuais valores de 100 – 200 litros de água / hab. ao dia.

Nos Estados Unidos inclui-se na classificação de domésticos, água utilizada para irrigação de jardins.

-       Comercial – destaca-se a parcela utilizada pelos restaurantes, bares, hotéis, pensões,
postos de gasolina e garagens, onde se verifica um consumo muito superior aos das residências.

Ø Escritórios – 50 litros de água / pessoa ao dia;
Ø Restaurantes – 25 litros de água / refeição ao dia;
Ø Hotéis – 120 litros de água / hóspede ao dia;
Ø Hospitais – 250 litros de água / leito ao dia;
Ø Garagens – 50 litros de água / automóveis ao dia;
Ø Postos de serviços para veículos – 150 litros de água / veículo ao dia;
Ø Lavanderias – 30 litros de água / kg de roupa.

-       Industrial – as indústrias utilizam águas de diversas formas: como matéria prima,
lavagem, refrigeração.

Ø Indústrias (uso sanitário) – 70 litros de água / operário ao dia;
Ø Matadouros (animais de grande porte) – 300 litros de água / cabeça abatida;
Ø Matadouros (animais de pequeno porte) – 150 litros de água / cabeça abatida;
Ø Laticínios – 51 litros de água / kg de produto;
Ø Curtumes – 50 a 60 litros de água / kg de couro;
Ø Fábrica de papel – 100 a 400 litros de água / kg de papel;
Ø Tecelagem (sem alvejamento) – 10 a 20 litros de água / kg de tecido;

-       Público – inclui-se nesta classificação a parcela de água utilizada na irrigação de
jardins, lavagem de ruas e passeios, edifícios e sanitários públicos, alimentação de fontes e piscinas.

-       Perdas e fugas – ocorrem devido à má utilização da água, deficiências técnicas do
sistemas, etc.

·      Consumo médio “per capita” – é expresso geralmente em litros por habitante por dia
(l / hab. dia) e definido por:

q = volume anual distribuído / 365 x população beneficiada

As condições indispensáveis para um estudo criterioso deste parâmetro são:

-       Continuidade e confiabilidade da medição de água aduzida e distribuída para a
cidade;

-       Abastecimento ininterrupto, sem forçar restrições ao uso.

Os grandes consumidores (singulares) são acrescidos ao consumo calculado pelo “per capita”.

Na elaboração de projetos para cidades ainda não providas de qualquer sistema de distribuição, procura-se adotar “per capita” de cidades semelhantes localizadas na mesma região. Não se conseguindo esta condição, adota-se os valores:

-       População futura até 10.000 hab. – 150 a 200 l / hab. dia;
-       População futura entre 10.000 e 50.000 hab. – 200 a 250 l / hab. dia;
-       População maior que 50.000 hab. – > 250 l / hab. dia;
-       População temporária – 100 l / hab. dia;
-       População flutuante – igual à permanente.

·      Fatores que afetam o consumo: (consideram-se como os mais importantes)

-       Características da população: hábitos higiênicos, situação econômica, educação
sanitária.

-       Desenvolvimento da cidade: a quota média diária “per capita” aumenta com o
crescimento da cidade.

-       Presença de indústrias: tipo de indústria, zoneamento dos bairros industriais.

-       Condições climáticas: precipitações atmosféricas, umidade do ar, temperatura.

-       Características do abastecimento d’água: qualidade da água distribuída; pressões na
rede de distribuição; taxa de água; modo de distribuição (serviço medido); administração do serviço.

·      Variações de consumo

A água distribuída por uma cidade não tem uma vazão constante, mesmo considerando invariável a população consumidora. Devido à maior ou menor demanda em certas horas do período diário ou em certos dias ou épocas do ano, a vazão distribuída sofre variações mais ou menos apreciáveis. Também nisto, os hábitos da população e as condições climáticas tem influência. Há, portanto variações horárias ao longo do dia e variações diárias ao longo do ano.

-       Variações diárias – o volume distribuído no ano dividido por 365 permite conhecer a
vazão média diária anual.

A relação entre o maior consumo diário verificado e a vazão média diária anual forma o “coeficiente do dia de maior consumo”, assim:     

K₁ = maior consumo diário no ano / vazão média diária no ano.

Seu valor varia entre 1,2 e 2,0 dependendo das condições locais. Utiliza-se esse coeficiente na determinação da vazão de dimensionamento de várias partes de um sistema de fornecimento público de água, entre os quais: obras de captação, adução, elevatórias, reservação e estação de tratamento.

-       Variações horárias – também no período de um dia há sensíveis variações na vazão
de água distribuída a uma cidade, em função da maior ou menor demanda no tempo. As horas de maior demanda situam-se em torno daquela em que a população está habituada a fazer refeições, em consequência do uso mais acentuado da água na cozinha, antes e depois das mesmas. O consumo mínimo verifica-se no período noturno, geralmente nas primeiras horas da madrugada.

 Para o traçado da curva de consumo, é necessário que haja um medidor instalado na saída do reservatório de água para a cidade capaz de registrar ou permitir o cálculo das vazões distribuídas em cada hora.

A relação entre a maior vazão horária observada num dia e a vazão média horária do mesmo dia define o “coeficiente de maior consumo”:

K₂ = maior vazão horária do dia de maior consumo / vazão média horária do dia de maior consumo

Seu valor oscila bastante, podendo variar entre 1,5 e 3,0. Entre nós é usualmente adotado para fins de projeto o valor 1,5. Esse coeficiente é utilizado quando se pretende dimensionar os condutos de distribuição propriamente ditos que partem dos reservatórios, pois permite conhecer as condições de maior solicitação nessas tubulações.
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Assista a essa pequeno documentário da Juliana Camargo, autora do blog Bem Estar. Ela explica como faz para evitar o desperdício de água.