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sábado, 15 de outubro de 2011

PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES VI

IMPERMEABILIDADE DAS CONSTRUÇÕES


A necessidade de impermeabilização na construção civil é imposta porque os componentes utilizados em obras (ex:
tijolos, blocos de concreto, argamassas, etc) são porosos e permitem a penetração da umidade.


Introdução

A impermeabilização na construção civil tem como objetivo impedir a passagem indesejável de água, fluído e vapores, podendo contê-los ou dirigi-los para o local que se deseja.

A importância da impermeabilização, além de permitir a habitabilidade e funcionalidade da construção civil, é relevada no objetivo de proteger a edificação de inúmeros problemas patológicos que poderão surgir com infiltração de água, integradas ao oxigênio e outros componentes agressivos da atmosfera (gases poluentes, chuva ácida, ozônio), já que uma grande quantidade de materiais constituintes da construção civil sofre um processo de deterioração e degradação, quando em presença dos meios agressivos da atmosfera.

Têm-se verificado com frequência que a impermeabilização não é analisada com a devida importância por parte de alguns engenheiros, construtores, arquitetos, projetistas e impermeabilizadores. Como consequência, a infiltração de água acarreta uma série de consequências patológicas como corrosão de armaduras, eflorescência, degradação do concreto e argamassa, empolamento e bolhas em tintas, curtos-circuitos, etc., gerando altos custos de manutenção e recuperação.

Para se ter uma ideia do montante dos gastos de recuperação e manutenção de obras, existem estimativas que superam 2,5% do PIB, algo em torno de 12 bilhões de dólares anuais. Em muitos casos a origem é devido à ausência ou inadequada impermeabilização.

O custo de uma impermeabilização na construção civil é estimado em 1% a 3% do custo total de uma obra. No entanto, a não funcionalidade da mesma poderá gerar custos de re-impermeabilização que superam 5% a 10% do custo da obra, já que muitas vezes as re-impermeabilizações envolvem quebras de piso cerâmico, granito, argamassas etc., sem levar em consideração custos de problemas patológicos mais importantes e outros transtornos ocasionados, como depreciação de valor patrimonial, manchas em veículos e utensílios, utilização normal da área impermeabilizada, etc.

Portanto, é de suma importância o estudo adequado da impermeabilização de forma a utilizarmos todos os recursos técnicos disponíveis para executá-la da melhor forma possível.

Tecnologia da impermeabilização

O desempenho adequado da impermeabilização é obtido com a interação de vários componentes, diretamente relacionados entre si, pois a falha de um deles pode prejudicar o desempenho e a durabilidade da impermeabilização. Os principais componentes são:

Projeto de impermeabilização

O projeto de impermeabilização deve fazer parte integrante dos projetos de uma edificação, como hidráulica, elétrica, cálculo estrutural, arquitetura, paisagismo, fôrmas, etc., pois a impermeabilização necessita ser estudada e compatibilizada com todos os componentes de uma construção, de forma a não sofrer nem ocasionar interferências.

O projeto de impermeabilização tem como função elaborar, analisar, planificar, detalhar, descriminar e adotar todas as metodologias objetivando o bom comportamento da impermeabilização, compatibilizando os possíveis sistemas impermeabilizantes a serem adotados com a concepção da edificação.

Uma grande parte dos insucessos de uma impermeabilização pode ser atribuída à ausência ou erros na elaboração de um projeto de impermeabilização.

Por muitas vezes uma obra é iniciada, utilizando um conjunto de projetos construtivos incompletos. Chegada à etapa da impermeabilização, percebe-se uma série de interferências que dificultam a sua execução, tais como: tubulações passando rente às lajes e paredes, cotas finais que impedem a execução de caimentos, ralos de diâmetro reduzido, falta de altura adequada para arremates dos rodapés, caixilhos montados impedindo arremates adequados, execução de enchimentos, etc. Nestes casos, para um bom desempenho e segurança da impermeabilização, são necessários demolições, abertura de rasgos em alvenarias, retirada de caixilhos, etc., que acabam por aumentar o custo da construção. As adaptações, que muitas vezes o aplicador é levado a fazer, acabam por acarretar problemas a médio ou longo prazo.

Outras vezes, encontra-se especificação de sistemas de impermeabilização inadequados, que não vão atender às necessidades de desempenho exigidas pela obra. Simplesmente é aberto um catálogo de fabricante e especifica-se qualquer material, sem analisar suas propriedades e desempenho. Também é comum a especificação dirigida por um fabricante ou aplicador de impermeabilização, que, embora na maioria das vezes tenham experiência, em alguns casos objetivam unicamente a finalidade comercial. No entanto, existem fabricantes sérios que produzem produtos de qualidade, que possuem software técnico, que são de grande auxílio no assessoramento para a execução de um bom projeto.

Deve-se sempre lembrar que para a execução de um bom projeto, é necessário boa experiência ou assessoramento por profissional competente.

O projeto de impermeabilização, obviamente deve indicar as regiões que necessitem de estanqueidade à percolação de fluidos, bem como indicar os sistemas mais apropriados para garantir a impermeabilidade.

O projeto deve ser elaborado por especialista em impermeabilização, que deverá colher informações básicas e contatos com os demais projetistas, como o arquiteto, o calculista, paisagista, projetista elétrico e  hidráulico, etc., já que as modificações que porventura vierem a ser necessárias, logicamente necessitam ser discutidas e transmitidas a todos os planejadores, de forma a possibilitar a compatibilização de todos os projetos.

Ao se iniciar um projeto, deve-se efetuar a análise dos projetos básicos da obra, procurando evidenciar as áreas que necessitam de impermeabilização. Neste ponto, inicia-se um estudo preliminar dos sistemas adequados para a execução da impermeabilização. Elaboram-se a seguir o anteprojeto, avaliando mais detidamente as interferências que haverão de surgir com os detalhes de acabamento, instalações elétricas, hidráulicas, equipamentos, etc., finalizando o estudo com a elaboração do projeto definitivo.

Qualidade de materiais e sistema de impermeabilização

Materiais impermeabilizantes são basicamente produtos com propriedades de impedir a passagem d’água ou fluídos, sob forma líquida ou vapor.

Existem umas séries de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No entanto, ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado para se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de propriedades e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições impostas pela área a ser impermeabilizada.

Existem no Brasil diversos produtos impermeabilizantes, de qualidade e desempenho variáveis, de diversas origens e métodos de aplicação, normalizados ou não, que deverão ter suas características profundamente estudadas para se escolher um adequado sistema de impermeabilização.

Como exemplo, existem produtos cancerígenos utilizados em impermeabilização de reservatórios, produtos que sofrem degradação química do meio a que estão expostos, produtos de baixa resistência à água, baixa resistência a cargas atuantes, não suportam baixas ou altas temperaturas, dificuldade ou impossibilidade de aplicação em determinados locais ou situações, baixa resistência mecânica, a fadiga, durabilidade, etc.

Deve-se sempre procurar conhecer todos os parâmetros técnicos e esforços mecânicos envolvidos para a escolha adequada do sistema impermeabilizante. A complexidade na escolha dos sistemas impermeabilizantes para uma determinada necessidade está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos impermeabilizantes e das exigências e condições específicas do local que se deseja impermeabilizar. Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos sistemas impermeabilizantes e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada será a escolha.

Qualidade da execução da impermeabilização

Por melhor que seja o material ou o sistema de impermeabilização, de nada adianta se o mesmo é aplicado por pessoa ou empresa não habilitada na execução da impermeabilização.

Deve-se sempre recorrer a equipes especializadas na aplicação dos materiais impermeabilizantes. A mesma deverá ter conhecimento do projeto de impermeabilização; ser recomendado pelo fabricante do material; que possua equipe técnica e suporte financeiro compatível com o porte da obra; que ofereça garantia dos serviços executados, etc.

Qualidade da construção da edificação

A impermeabilização deve sempre ser executada sobre um substrato adequado, de forma a não sofrer interferências que comprometam seu desempenho, tais como: regularização mal executada, fissuração do substrato, utilização de materiais inadequados na área impermeabilizada, (como tijolos furados, enchimentos com entulho, passagem inadequada de tubulações elétricas e hidráulicas), falhas de concretagem, baixo cobrimento de armadura, sujeira, resíduos de desmoldantes, ralos e tubulações mal chumbados, detalhes construtivos que dificultam a impermeabilização, etc.

Quando a impermeabilização é aplicada num substrato inadequado, a mesma acaba por sofrer as consequências destes defeitos, que ao longo do tempo certamente acarretarão patologias construtivas.

Fiscalização

O rigoroso controle da execução da impermeabilização é fundamental para seu desempenho, devendo esta fiscalização ser feita não somente pela empresa aplicadora, mas também, pelo engenheiro responsável pela obra, pelo projetista ou entidade fiscalizadora designada para a finalidade.

Deve-se sempre obedecer ao detalhamento do projeto de impermeabilização e estudar os possíveis problemas durante o transcorrer da obra, verificando se a preparação da estrutura para receber a impermeabilização está sendo bem executada, se o material aplicado está dentro das especificações no que tange a qualidade, características técnicas, espessura, consumo, tempo de secagem, sobreposição, arremates, testes de estanqueidade, método de aplicação, proteções, etc.

Preservação da impermeabilização

Deve-se impedir que a impermeabilização aplicada seja danificada por terceiros, ainda que involuntariamente, por ocasião da colocação de pregos, luminárias, pára-raios, antenas coletivas, playground, equipamentos, pisos e revestimentos, etc.

Considerar a possibilidade de ocorrência destes fatos quando da execução do projeto. Caso isto não seja possível, providenciar a compatibilização em época oportuna, evitando adotar as soluções paliativas.

Deve-se também comunicar ao usuário da edificação dos cuidados em preservar a impermeabilização, evitando danos provocados por manutenção de jardim, desentupimento de ralos, reparos hidráulicos, reformas, chumbamento de equipamentos, antenas, etc. Assim sendo, incluir na documentação a ser entregue para o proprietário da obra um capítulo sobre os cuidados com a impermeabilização.

Existe uma série de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No entanto, ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado para se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de propriedades e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições impostas pela área a ser impermeabilizada, como por exemplo:

Ø Impermeabilidade:

§  água em forma liquida;
§  água sob forma de vapor;
§  resistência a pressão hidrostática;
§  absorção d’água.

Ø Resistência:


§  tração;
§  compressão;
§  alongamento;
§  deformação residual;
§  aderência ao suporte;
§  fadiga;
§  puncionamento estático;
§  puncionamento dinâmico;
§  rasgamento;
§  grau e tipo de fissuração da estrutura;
§  degradação a agentes químicos;
§  abrasão.

Ø Térmica:


§  altas temperaturas;
§  baixas temperaturas;
§  ciclos térmicos;
§  estabilidade térmica dimensional;
§  flexibilidade a baixas temperaturas.

Ø Flexibilidade:


§  flexível;
§  semiflexível;
§  rígido;
§  grau de flexibilização;
§  deformabilidade;
§  elasticidade/plasticidade.

Ø Método de aplicação:


§  pré-fabricado;
§  moldado in loco;
§  aplicação a quente;
§  aplicação a frio;
§  base água ou solventes.

Ø Proteção:


§  autoprotegido;
§  requer proteção;
§  resistente ao intemperismo;
§  proteção térmica.

Ø Substrato:


§  aderido ao substrato;
§  não aderido ao substrato;
§  requer berço amortecedor;
§  presença de umidade no substrato;
§  resistência do substrato;
§  rugosidade do substrato;
§  composição do substrato.

Ø Formas do substrato:


§  baixa inclinação;
§  alta inclinação;
§  planas / abobadadas / cilíndricas / esféricas / côncavas / complexas.

Ø Durabilidade:


§  estabilidade ao longo do tempo;
§  vida útil;
§  necessidade de conservação periódica.

Ø Outras considerações:


§  grau de especialização na aplicação;
§  exequibilidade;
§  custo;
§  rapidez na aplicação;
§  fatores de risco e exigências de segurança;
§  armazenamento;
§  normalização na ABNT;
§  exigências de EPI;
§  toxidade;
§  restrições de utilização.

A complexidade na escolha de um sistema impermeabilizante para uma determinada necessidade está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos impermeabilizantes e das exigências e condições específicas da local que se desejam impermeabilizar. Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos sistemas impermeabilizantes e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada será a escolha. Assim sendo, são descritas abaixo algumas características dos principais materiais impermeabilizantes utilizados no Brasil.
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Confira esse interessante vídeo feito pelo professor Fábio Ribeiro, do grupo Kroton, explicando sobre a importância do projeto de impermeabilização.


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