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quinta-feira, 21 de junho de 2012

CANTEIRO EXPERIMENTAL



O Canteiro Experimental é um equipamento da faculdade de Arquitetura e Urbanismo, onde seu objetivo principal é ajudar a (re)encontrar para a formação do arquiteto as importantes ligações entre a idealização e a prática construtiva.

Introdução

A ideia de um “Canteiro Experimental” nas escolas de arquitetura e urbanismo é uma tentativa de melhorar não só a qualidade da formação e informação a serem desenvolvidas nos alunos, mas, também, conferir uma qualidade maior ao processo de aquisição destas. Lançando-se mão, portanto, de outras formas de refletir sobre as questões tectônicas, neste caso, intermediadas pelo contato direto com as especificidades físicas e construtivas dos materiais a serem manipulados, dando um importante passo para o aprimoramento do ensino.

Desta forma, o objetivo desse canteiro transcende àquele tradicional de reproduzir o “saber fazer”; mas, sim, de se exercitar na resolução de problemas e na invenção de novos componentes urbanístico-arquitetônicos que atendam à materialização da Arquitetura. Entende-se que está subjacente a esta ideia de experimentação empírica uma abordagem pedagógica sistêmica e necessária à formação crítica, investigativa e propositiva dos alunos.

O Canteiro Experimental irá se apoiar na infraestrutura espacial e material tradicionalmente utilizada pelo canteiro de obras onde, este sim, tem como objetivo a reprodução das técnicas construtivas sedimentadas e reconhecidas por toda a comunidade científica e acadêmica.

De fato, o que irá diferenciar o Canteiro Experimental do canteiro de obras é que, nesta proposta, se entende Canteiro Experimental como espaço complementar privilegiado da invenção e da experimentação empírica de materiais, formas, processos e métodos, como também a investigação de novos arranjos espaciais e físicos, que deverão surgir da necessidade intrínseca do fazer arquitetônico que apresenta como tarefa principal o dever de desenvolver e melhorar o meio ambiente. 

Assim sendo, espera-se que o Canteiro Experimental de Obra provoque a discussão e exercite o “fazer arquitetônico” com enfoque privilegiado na invenção, e que não se atenha à reprodução de tipologias arquitetônicas ou de técnicas construtivas tradicionais (papel este de responsabilidade do canteiro experimental de obras); ou seja, os exercícios propostos devem exercitar a reflexão sobre a questão proposta e não indicar apenas “resposta” para o problema apresentado.

Mudar o comportamento discente e principalmente docente perante o ensino do “fazer arquitetônico” não é uma tarefa simples e tem que, necessariamente, ser um exercício coletivo, como, também, devem ser coletivas as atividades propostas.

A multidisciplinaridade está subjacente aos objetivos de um Canteiro Experimental, onde cada atividade proposta deva envolver várias áreas do saber.

Método

Para este estudo, que tem por objetivo entender o que é, como pode ser feito e propor algumas referências com relação à criação de um Canteiro Experimental, utilizou-se o seguinte procedimento:

·      História das técnicas construtivas, materiais de construção, técnicas retrospectivas,
desenho arquitetônico, técnicas construtivas e canteiros de prática de construção;

·      Levantamentos de dados referentes a laboratórios, canteiro de obras e de
experimentação ou outros espaços similares;

·      Análise dos dados;

·      Recomendações.

Canteiro Experimental ou canteiro de obras?

O Canteiro Experimental, no entendimento a que este estudo se propõe, não pode ser considerado como tal. O motivo é a observação de que estes laboratórios desenvolvem exercícios idênticos ou similares ao laboratório de Prática da Construção ou do canteiro de obras tradicionais. Esses exercícios também são muito importantes, necessários como recurso didático-pedagógico, mas não são estes que devem ser desenvolvidos no que ora denominamos de Canteiro Experimental.

Algumas escolas de Arquitetura e Urbanismo passaram a incorporar em aulas práticas exercícios como, por exemplo:

·         Execução de diversos tipos de alvenarias de tijolos;
·         Execução de arcos e abóbadas;
·         Revestimentos tradicionais como chapisco, revestimento grosso e fino;
·         Assentamento de azulejos e pisos;
·         Execução de formas de madeira para concreto armado empregadas em: fundações, pilares, vigas, lajes e em outros elementos construtivos;
·         Cálculo, dosagem, amassamento, lançamento, adensamento, cura e ensaios de concretos simples e armados;
·         Execução de armaduras de aço para concreto armado;
·         Instalações: hidráulica, elétrica e gás;
·         Execução de telhados, forros;
·         Execução de pinturas e vernizes;
·         Execução de fundações “moldadas in loco”;
·         Execução de cortes e aterros;
·         Execução de pavimentação asfáltica e de concreto;
·         Ensaios de materiais de construção;
·         Ensaios com solos;
·         Execução de blocos de concreto simples e de solo-cimento;
·         Execução de trechos de paredes de pau a pique e de taipa de mão;
·         Execução de protótipos de residências, com as mais diversas técnicas;
·         Execução de protótipos e ensaios de materiais e técnicas construtivas com materiais alternativos.

Ressalta-se que não são ensaios e experimentos dessa natureza pedagógica que devem ser desenvolvidos em um Canteiro Experimental, pois, para aqueles, os laboratórios tradicionais o fazem. 

A preocupação pedagógica com relação ao Canteiro Experimental deve ser a de se ater à reflexão e criatividade quanto à busca de métodos e formas diferentes para os problemas arquitetônicos e urbanísticos propostos. 

Os experimentos devem variar de acordo com as características locais, regionais, históricas e, principalmente, alimentados pela criatividade de seu corpo docente e discente. A natureza do trabalho e sua execução devem ser coletivas, desta forma, os agentes envolvidos desenvolverão uma “experiência arquitetônica” coletiva que não refletirá apenas um projeto único, pessoal e momentâneo. 

Para finalizar, embasados pelas reflexões expostas neste trabalho, pode-se recomendar alguns procedimentos que auxiliarão a criação do Canteiro Experimental:

·      É necessária uma área descoberta ou com pé direito generoso (mínimo de 6,00
metros) para os exercícios de grande porte (a área dos canteiros pesquisados variam de 300 a 10.000 m²);

·      Os materiais, equipamentos e instrumentos dos laboratórios de materiais e ensaios
tecnológicos, maquetaria, conforto ambiental e canteiro de obras, servirão de apoio ao Canteiro Experimental, portanto, é necessária sua proximidade física e uma gestão integrada;

·      Necessidade de salas de aula tradicionais que abriguem as aulas teóricas junto ao
Canteiro Experimental. A proximidade destes ambientes torna o uso do canteiro muito mais eficiente do que quando são separados e distantes;

·      As atividades podem ser consideradas extras ou estarem vinculadas às disciplinas
projetuais, por serem estas disciplinas as responsáveis pela síntese e pela consolidação dos conhecimentos adquiridos;

·      As experiências desenvolvidas no Canteiro Experimental não substituirão os ensaios
e experimentos tradicionalmente relacionados a materiais e técnicas construtivas, instalações e outras;

·      Deve trabalhar com projetos que envolvam todas as fases metodológicas do processo
de produção de um produto;

·       “Ter história”: todos os experimentos devem ser registrados e apresentados
constantemente a novos grupos de trabalho e a toda comunidade acadêmica e científica;

·      Deve estar integrado com as atividades de pesquisa da graduação, pós-graduação,
como também com as atividades de extensão.

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu blog.É muito interessante e acaba sendo um pouco o início do meu que é sobre decoração e design de móveis. Vou seguir seu blog com certeza! Dê uma passadinha pelo meu. Até lá!

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  2. Puxa, muito obrigado! Pode deixar que assim que eu puder vou dar uma olhadinha... Grato!

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