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terça-feira, 10 de maio de 2011

DESENHO TÉCNICO III

REPRESENTAÇÕES COMPLEMENTARES E CONVENCIONAIS, 
CORTES E PERSPECTIVA ISOMÉTRICA 



A figura mostra uma peça feita como representação complementar a meia-vista e como representação convencional o meio-corte.

Representações complementares

Vista auxiliar – uma superfície de uma peça só se apresenta com sua verdadeira grandeza quando projetada sobre um plano paralelo. Até agora as peças apresentadas têm suas faces paralelas aos planos principais de projeção, sendo sempre corretamente representadas. Porém, nada impede que exista um objeto com uma ou mais faces inclinadas, no qual seria importante representar estas faces de forma verdadeira. Ora, para perceber a verdadeira grandeza destas faces, é necessário mostrá-la de frente. Nas vistas auxiliares, é comum traçar somente a face inclinada, omitindo-a também da vista no qual encontra-se inclinada. O conjunto de vistas principais e auxiliares demonstrará ao projetista a forma real da peça.

Vista auxiliar oblíqua (dupla) – em certos casos, uma face da peça encontra-se inclinada em relação a todos os planos principais de projeção. Neste caso, será necessário realizar dois rebatimentos para encontrar a verdadeira grandeza da face. O resultado é chamado de vista auxiliar oblíqua. Primeiro deve-se tomar um plano de projeção que seja perpendicular à face e a um dos planos principais de projeção. A partir desta vista intermediária, traça-se a vista auxiliar oblíqua da face em questão.

Elementos repetitivos – no caso de detalhes em uma peça que se repetem regularmente, como furos, dentes, etc.; pode-se traçar somente os primeiros detalhes, mostrando em seguida as posições dos próximos (linhas de eixo ou um desenho simplificado).

Detalhes ampliados – quando existem detalhes na peça no qual são muito pequenos, que a escala utilizada é insuficiente, pode-se desenhar somente esta parte com uma ampliação. Para isso circunda-se a parte a ser ampliada (no desenho original) com uma linha estreita contínua, devidamente identificada com uma letra maiúscula, e desenhado ampliado, com a escala indicada. O AutoCAD tem a facilidade de gerenciar as vistas das peças, através das “viewports”. Cada viewport pode mostrar o desenho com uma escala diferente, ou no caso de desenhos em 3D, em pontos de vista diferentes.

Peças simétricas (meia-vista) – pode-se desenhar somente um dos lados de uma peça simétrica, no qual a linha de eixo indicará a simetria. Pode-se usar esta representação para uma peça com dois lados iguais (desenhando a metade) e quatro lados iguais (desenhando a quarta parte). A meia-vista pode ser aplicada tanto na vertical quanto na horizontal.

Vistas encurtadas (linhas de interrupção) – peças longas podem ter seu desenho simplificado, mostrando somente as partes que contêm detalhes. A representação de interrupção pode ser o traço a mão livre, estreito ou o traço “zig-zag” estreito.  Pode-se também usar esta representação para peças cônicas e inclinadas.

Representações convencionais e cortes

Hachuras – são usadas para representar cortes de peças. A hachura básica consiste em um traço estreito diagonal (em 45°), com um espaçamento constante. Em desenhos mais complexos, pode-se ter vários tipos de hachuras, mais elaborados. Isto se tornou mais prático com o uso do CAD. O Comando HATCH desenha hachuras. Ao executá-lo, será apresentado uma janela com os padrões disponíveis. Para inserir a hachura, basta usar o botão “Pick Points” na própria janela de hachuras e selecionar um ponto interno da peça. Pode acontecer de o programa recusar o ponto – isso acontece porque o ponto tem que estar totalmente cercado por linhas, arcos, etc.; não podendo desta forma “vazar” por algum buraco para fora da peça.

Corte total – a representação do corte é exatamente  imaginar que a peça encontra-se partida ou quebrada, mostrando assim os detalhes internos. Com isso, deixa de ser necessário o uso de linhas ocultas, na maioria dos casos.

Representação do corte em uma peça – imagina-se o corte como um plano secante, que passa pela peça, separando-a em dois pedaços e mostrando a parte interna. O plano secante (também chamado plano de corte) é indicado em outra vista, mostrando onde se encontra o corte. A representação do plano de corte é com um traço estreito traço-e-ponto, exatamente como a linha de simetria, com a diferença de ter nas extremidades um traço largo. O plano de corte deve ser identificado com letras maiúsculas e o ponto de vista indicado por meio de setas. A parte larga do plano de corte não encosta no desenho da peça. A linha de corte pode coincidir com a linha de simetria. Ao realizar-se o corte de duas peças distintas, usa-se hachuras com direções diferentes, cada uma indicando uma peça. Caso haja um maior número de peças em corte, pode-se usar hachuras com espaçamentos ou ângulos diferentes, ou usar outros tipos de desenho de hachura. Em geral, reserva-se as hachuras estreitas para pequenas peças, e vice-versa.

Meio-corte – usado em objetos simétricos, no qual corta-se somente metade do desenho, sendo a outra metade o desenho da vista normal. As linhas invisíveis de ambos os lados não são traçadas. Usa-se também combinar o meio-corte com a meia-vista, tornando o desenho bem prático sem perder informação.

Corte parcial – quando se deseja cortar somente uma parte da peça, usa-se o corte parcial. O corte é limitado por uma linha de interrupção (irregular ou em zig-zag).
Usa-se o corte em desvio para obter os detalhes que não estejam sobre uma linha contínua. Neste caso o plano de corte é “dobrado”, passando por todos os detalhes desejados. Cada vez que o plano de corte muda de direção, este é indicado por um traço largo, de forma similar às extremidades.

Seções – são um corte local da peça, sem o inconveniente de desenhar toda a vista relativa a este corte. As seções podem ser representadas diretamente na peça,
“puxadas” para fora através de uma linha de chamada, ou indicadas como um corte normal, omitindo detalhes. Também se pode combinar, em peças longas, linhas de interrupção e seções.

Discurso sobre representações convencionais – em muitos casos, a representação exata de uma peça pela suas vistas pode ser confusa. O que ocorre na prática é a simplificação dos traços, no qual usada com bom-senso pode ser mais ilustrativo que a representação real. Isto é chamado de representação convencional. Existem muitos casos de representações convencionais, um deles já foi ilustrado na seção anterior: não representar em corte nervuras, parafusos, pinos, etc. Outro caso é a representação de furos em flanges que não estejam no eixo de simetria. Simplesmente considere que o furo esteja alinhado e desenhe o corte. A vista frontal ilustrará a verdadeira posição dos furos. Mas ocorrências de representações convencionais são em interseções entre cilindros e outras seções, tubos, orelhas, posição de nervuras, concordâncias, “runouts”, etc. “Runouts” são representações convencionais de interseções atenuadas por curva, onde não existe uma aresta por não haver uma mudança brusca de direção.

Perspectiva isométrica

Perspectiva – os desenhos em perspectiva foram concebidos como um meio termo entre a visão da peça no espaço, mantendo suas proporções e a escala. Existem vários tipos de perspectiva, cada um com sua utilidade. Os desenhos em perspectiva exata ilustram com perfeição o ângulo do observador, porém as dimensões variam com a posição e proximidade dos objetos. Outros tipos de perspectiva são a dimétrica, trimétrica e cavaleira. Estudaremos a perspectiva isométrica, por ser a mais utilizada e pela sua facilidade de utilização, levando em conta os erros toleráveis de suas aproximações.

Conceito – partindo de um ponto de vista do objeto pela sua face frontal, a perspectiva isométrica é o produto da rotação do objeto em 45°em torno do eixo vertical, sendo logo após inclinado para a frente, de forma que as medidas de todas as arestas reduzem-se à mesma escala. Nesta configuração os eixos ortogonais serão encontrados com ângulos de 120º entre si. Esta posição dos eixos é facilmente encontrada com o auxílio do esquadro de 30°/60°, usando seu menor ângulo para traçar os eixos X e Y, com o eixo Z na vertical. Teoricamente a escala das arestas é reduzida em 81% do original. Na prática, isto não é praticado, sendo a perspectiva feita na mesma escala do original. Esta é chamada de perspectiva isométrica simplificada, e seu traçado implica em uma figura aparentemente maior que nas vistas ortogonais.

Desenhando em perspectiva isométrica – inicia-se o desenho da perspectiva por um canto da peça, de preferência o que estará mais a frente. O desenhista deve escolher uma posição da peça no espaço e mantê-la na memória, para não se confundir durante o traçado. O primeiro método para iniciar o desenho, similar ao usado nas vistas ortográficas, é traçar um paralelepípedo com as medidas totais da peça (comprimento, largura, altura), visualizando a posição da peça. Com o paralelepípedo traçado, inicia-se os traços secundários, como se estivesse “cortando pedaços” de um bloco real, até que sobre o formato da peça desejada. Observe que as medidas extraídas das vistas ortográficas  somente serão válidas nos eixos ortogonais. Ou seja, medidas extraídas de rampas, planos inclinados ou curvas não serão transferidos corretamente. É necessário que se encontre as coordenadas de cada ponto, ligando-os em seguida. Outro método usado é por coordenadas: partindo de uma face da peça, localiza-se os pontos extremos (sempre por traços ortogonais), ligando-os em seguida. Na prática o desenhista irá determinar qual será o melhor método, tanto que não existe exatamente um método mais correto que outro. Independente do método utilizado, convém lembrar que os ângulos sempre estarão alterados. Procure transportá-los sempre em relação aos eixos ortogonais.

Curvas em perspectiva – é comum a representação de peças com superfícies curvas em perspectiva. Por regra, o método mais preciso para construí-las é através de coordenadas, levantadas através de vários pontos da curva. Para circunferências localizadas paralelamente aos planos isométricos, existem métodos de construção aproximados, que ilustram satisfatoriamente a curva.
O primeiro método, segue a seguinte receita:

1. Localizar a circunferência na vista, e desenhar o quadrado que a envolve (pontos ABCD). Desenhá-lo normalmente em perspectiva;
2. Independente da posição do quadrado, teremos os pontos mais próximos, A e C, e os pontos mais distantes, B e D;
3. Ligar os pontos A e C com o ponto médio das faces opostas;
4. Traçar a circunferência em quatro etapas:
a. Um arco com centro em A, traçado do meio de BC até o meio de CD;
b. Um arco com centro na interseção dos traços, traçado do meio de BC até o meio de AB;
c. Um arco com centro em C, traçado do meio de AB até o meio de DA;
d. Um arco com centro na outra interseção dos traços, traçado do meio de AD até o meio de CD;
5. Apague as linhas de construção e está pronto o desenho da circunferência

Convém lembrar que este método somente é válido para circunferências localizadas nos planos ortogonais. Para circunferências em faces fora dos planos ortogonais, deve-se utilizar o método de pontos. O método de Stevens é mais preciso, sendo feito de uma forma similar: no momento de determinar os centros dos arcos menores, traça-se um arco auxiliar de raio R (medido do centro da circunferência O até o ponto P aonde cruza o arco maior com a reta AC) encontrando-se dois pontos na reta BD. Estes pontos serão os centros dos arcos menores. Seu raio será encontrado a partir de uma reta, partindo do ponto A, cruzando o centro do arco, e encontrando-se na reta oposta CD. Este será novo ponto de encontro dos arcos menores e maiores.

Obviamente pode-se utilizar ambos os métodos para traçar partes (setores) de circunferências, como por exemplo em concordâncias. Com a prática observa-se que não será necessário traçar todas as linhas de construção.

Pode-se traçar circunferências isométricas no AutoCAD através do comando
ELLIPSE. Ao usar este comando, mas somente no modo “isometric snap”, escolha a opção Isocircle. Basta escolher o centro e o raio, como usado no comando CIRCLE.
Veja que o Isocircle estará contido em um dos planos isométricos, para criar um
isocircle em outro plano, use antes de tudo o comando ISOPLANE.
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O vídeo mostra de uma maneira rápida, uma série de desenhos feitos em perspectiva pela Visuart. Assista-o.


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