Comportamento e Ambiente pretende congregar um conjunto de investigadores e recursos nas áreas científicas que estudam a interface entre o comportamento humano e o ambiente.
“Boa tarde, leitores. Está é a última postagem do módulo final, termino aqui toda a
minha proposta a respeito da Arquitetura. Como já é de costume, quando concluo
um módulo, estarei passando uma série de exercícios, que será no dia 19/07, próxima
quinta-feira, e colocarei o gabarito no mesmo momento em que eu postar os
exercícios, como comentário da postagem e vou recapitular tudo o que vimos no
módulo final.
E
no dia 23/07, farei uma postagem especial sobre Taj Mahal, situado em Agra
(Índia), já que 44% dos leitores elegeram esse grande mausoléu como a
arquitetura mais bonita.
Muito
obrigado a todos que me acompanharam durante esse 1 ano e 4 meses com minha
proposta para a construção civil, vimos todo o processo desde Edificações, Engenharia
Civil até Arquitetura. Durante essa semana (23/07-30/07), o blog entrará em
manutenção.
A
partir de agora postarei sobre os assuntos mais abordados na Construção Civil,
o uso de novas tecnologias que faz o mercado da construção crescer progressivamente,
e no dia 30/07, estarei postando sobre Estruturas de Aço, um material que está
em grande progresso na construção civil...”, Alex Silva.
Contexto
As
pesquisas existentes na área de Avaliação Pós-Ocupação (APO) de edificações concentram-se
principalmente nas deficiências de projeto enquanto problemas de dimensionamento,
conforto, manutenção e sistemas construtivos. Aspectos da psicologia ambiental
e do comportamento humano são abordados mais na teoria do que na prática. A
complexidade do comportamento humano em relação ao ambiente que ocupa dificulta
tanto a avaliação das observações como a interpretação e transformação de
resultados viáveis para projetos arquitetônicos futuros.
O
desenvolvimento de métodos que facilitem a interpretação das observações dos
gestos e a análise de atitudes de usuários de edificações pode evitar
interpretações errôneas na área profissional e contribuir para a melhoria dos
projetos desenvolvidos. O objetivo desta contribuição é a análise de trabalhos
na área APO que abordam a questão do comportamento humano.
Será
avaliada a utilização de metodologias específicas e o conteúdo e forma dos resultados
para aplicação em projetos arquitetônicos futuros e progresso do conhecimento
científico.
Introdução e justificativa
A
relação ambiente construído e comportamento humano está estreitamente ligada às
estruturas sociais e culturais e às tecnologias de uma época. As condições
geradas no ambiente alteram o modo de vida das pessoas renovando-se com as
próprias transformações, face às necessidades do homem usuário.
O
projeto arquitetônico deve responder através da criação das formas e o
detalhamento de uma edificação para abrigar a relação ambiente–comportamento
humano e contribuir com melhorias estéticas. É dentro deste universo que age a
psicologia ambiental, definida como interação entre indivíduos e as suas
condições físicas.
O
conforto ambiental nos seus aspectos térmicos, acústicos, visual e de
funcionalidade é o elemento da arquitetura que mais influenciam o bem estar do
homem. Os ambientes também afetam seu comportamento, mas de maneira limitada. A
arquitetura não pode ser vista como um meio modificador do comportamento
humano, a ponto de transformar a personalidade de indivíduos, mas pode
influenciar a percepção e conhecimento de espaços e com isto proporciona a
satisfação do uso.
O
ato de projetar busca criar ambientes otimizados nos aspectos de conforto,
funcionalidade, economia e estética, aplicando os conhecimentos artísticos,
científicos, técnicos e da psicologia ambiental.
As
pesquisas em metodologias de projeto procuram estruturar a introdução do
conhecimento do comportamento humano no processo criativo em arquitetura.
Recentes estudos, no entanto, mostram que há uma resistência dos profissionais ao
enquadramento metodológico.
Estudos
do processo criativo identificam pelo menos cinco tipos de heurísticas
aplicadas na procura de soluções em projeto. As heurísticas são adotadas pelo
projetista diante a complexidade dos problemas de projeto e a sua natureza
perversa que dificulta a lógica na busca de soluções. Os projetistas procuram
regras na criação da forma tais como as analogias antropométricas. O corpo
humano e os limites dimensionais são a base nesta heurística.
Esta
metodologia leva ao desenvolvimento da teoria da modulação em arquitetura e
gramáticas de projeto que orientam e ordenam o ato criativo. Analogias formais
ou literalistas também são comuns como partido de um projeto, tais como o uso de elementos da natureza como inspiração da
forma. Há ainda os projetistas “ambientalistas” que aplicam com maior rigor
princípios científicos ou empíricos da relação homem-ambiente. Estes princípios
podem ser o clima da região, tecnologias e recursos, bem como conhecimento
científico específico disponível. Tipologias arquitetônicas e protótipos
exercem também grande influência sobre o processo criativo além das linguagens
formais de estilos adotados por grupos ou escolas de projetistas.
As
constatações de falhas nas construções especialmente no que diz respeito ao
ajuste da função à forma são frequentes. O grande desafio nas pesquisas em
arquitetura tem sido a introdução sistemática de conhecimento de fatores comportamentais
no processo criativo. Estabelecer regras com profundo conteúdo humanista e
científico dentro de uma metodologia de projeto demonstra importante contribuição
no enriquecimento conceitual do processo criativo. Estas contribuições
percorrem na história da arquitetura.
Existem
tentativas na busca de métodos para o processo projetual e a garantia da qualidade
dos seus produtos. Uma vertente é a especialização da profissão para projetos de
tipologias específicas, tais como hospitais ou indústrias. As metodologias participativas
de projeto, cujo objetivo é amenizar o autoritarismo do projetista no processo,
são também contribuições positivas. Há ainda, a criação de profissões novas como
os programadores de necessidades que atuam na preparação de material para o ato
de projetar e na avaliação dos produtos com o intuito de criar um corpo de conhecimento
apropriado para direcionar e alimentar o processo criativo. Recentes
experiências de ensino em arquitetura demonstram resultados mais interessantes
e positivos em projeto, através da modificação do conceito da criatividade e
integração de uma responsabilidade social.
Objetivo
Esta
postagem procura contribuir na busca de metodologias de projeto arquitetônicos mais
eficazes para que o relacionamento entre o ambiente construído e comportamento humano
seja mais bem representado e resolvido. São analisados trabalhos científicos da
área de avaliação pós-ocupação publicados nos últimos quatro anos no Brasil.
São avaliadas as contribuições destes trabalhos com possibilidade direta de
aplicação no processo criativo.
Esta
análise pretende mostrar também a necessidade do desenvolvimento de
instrumentos que colaborem na interpretação das relações humanas com o ambiente
construído e desenvolver uma consciência maior na área das pesquisas em
arquitetura, difundir as metodologias existentes apropriadas e desenvolver
novas “multidisciplinaridades”. As recomendações pretendem diminuir o
descompasso da aplicação de descobertas técnicas, além de estruturar os
resultados das pesquisas em um maior rigor científico, permitindo uma
aplicabilidade ampliada.
Metodologia
A
metodologia deste trabalho consiste de duas etapas.
Primeiramente,
foram identificadas metodologias adequadas para as pesquisas da relação
ambiente construído e comportamento humano. As metodologias foram analisadas
quanto sua potencialidade em de elucidar informações pertinentes ao processo
criativo em arquitetura. Em segundo lugar, foram analisados trabalhos de
relacionamento entre o ambiente construído e comportamento humano publicados
nos últimos quatro anos no Brasil.
Esta
disciplina tem como ementa o estudo da relação ambiente físico-comportamento
humano e como trabalho exigiu uma avaliação de tipologia arquitetônica e um
aspecto dessa relação. Todos os trabalhos foram analisados de acordo com o seu
objetivo, tipologia arquitetônica estudada, metodologias aplicadas, tipologia e
forma de apresentação de resultados e finalmente aplicabilidade dos resultados
para o processo criativo em arquitetura em geral e não apenas para o “retro-fit”
do estudo de caso em questão.
Resultados
A
análise da aplicabilidade dos resultados pode ser resumida e demonstrada na
lista de diretrizes abaixo:
· Gerais – rejeição
e aprovação de técnicas construtivas específicas; uso de projeto
padrão
necessita de instruções de implantação e uso; urbanização aumenta a sensação de
segurança; urbanização não afeta os hábitos de limpeza e manutenção de espaços
públicos e semipúblicos; implementar o código de acesso universal (deficiente físico);
importância dada à manutenção constante em edificações; sociabilidade ampliada com integração visual
de áreas de circulação e de lazer; áreas com paisagismo e vegetação em geral
são considerados positivas; maiores problemas de conforto ambiental são a
insolação excessiva sem controle e a audibilidade
de usuários vizinhos;
· Edificações
comerciais – preferência de projetos com potencial de adaptabilidade,
ampliar
a variedade de comércio e de lazer em centros comerciais (shopping centers),
basear cálculo de número de vaga de estacionamento na duração da permanência de
usuário no estabelecimento;
· Edificações
escolares – evitar a orientação leste para sala de aula sem tratamento da
insolação;
necessidade de aumentar o nível de iluminação de salas de aula; aumentar a área
das salas de aula; vandalismo ocorre com mais frequência em salas de aula,
pátio coberto e banheiros; lixeiras necessitam ser fixas; aluno de conjunto
habitacional de interesse social verticalizados necessita área livre escolar maior;
necessidade de aumentar o dimensionamento de área de depósito de material (limpeza
e didático); biblioteca: lugar preferido é próximo à janela e em mesa individual;
· Hospital – facilitar
o controle individual para os pacientes da iluminação e ventilação
do
quarto, ampliar o espaço de armazenamento de objetos pessoais dos pacientes;
· Habitação –
rejeição da casa geminada e do banheiro contendo apenas o vaso
sanitário
e área de chuveiro com o lavatório instalado na antecâmera do banheiro dentro
do espaço de circulação; exclusão de uso da escada tipo “Santos Dumont” como
única circulação vertical; transformações demonstram inadequação das áreas
funcionais dos projetos de conjuntos habitacionais de interesse social;
condomínio fechado e murado cria senso de segurança.
Discussão
A
introdução no processo criativo de projeto arquitetônico de dados vindos dos resultados
das pesquisas APO está intimamente ligado às características desse processo descrito
acima e das dificuldades em enquadrar o processo em estruturas metodológicas.
A
pesquisa deste trabalho, no entanto, mostrou que a qualidade dos dados gerados
das pesquisas APO para uma aplicação direta ao processo criativo de forma
universal também está relacionada às
metodologias usados nas pesquisas APO. A adequação e abrangência das
metodologias de avaliações Pós-Ocupação foram discutidas em vários
Trabalhos.
Os
aspectos mais importantes das pesquisas APO com os fatores principais a serem
analisados no caso de projetos habitacionais:
· Domesticidade
que significa a adequação à cotidianidade e ao acolhimento da família
e
os seus visitantes e por fim a integração dos elementos arquitetônicos na
coerência de um conjunto habitacional;
· Comunicabilidade
entre espaços;
· Espaciosidade e
quantidade dimensional dos espaços;
· Capacidade da
forma e das dimensões de permitir a ocupação e sobreposição das
funções;
· Agradabilidade
de conforto ambiental no sentido mais amplo da fruição dos espaços
e
da sua atratividade;
· Durabilidade;
· Segurança;
· Privacidade;
· Convivialidade;
· Adaptabilidade;
· Apropriabilidade
ou territorialidade.
A
aplicação destes conceitos deve ser mais divulgado e usado como base
principalmente na formação de novos profissionais, dentro das disciplinas de
projeto.
A
análise deste trabalho mostra uma relação entre as metodologias usadas e universalidade
dos resultados ao processo projetual. A maioria dos trabalhos aplica o questionário
e as observações pessoais do pesquisador como meio de coleta de dados e resiste
em usar um universo mais amplo de metodologias disponíveis.
Vislumbra-se
também que a demora na aplicação de conhecimentos novos pode ser reduzida
através de novos métodos de divulgação. Em primeiro lugar banco de dados deverão
ser criados e associados às ferramentas de projeto, os programas CAD. Um importante
acervo de informações poderá se extraído dessas pesquisas, quando utilizadas
com o objetivo de sistematização do processo projetual.
Aplicação
dos levantamentos de dados sobre a relação homem e ambiente e seus resultados
devem ser disponibilizados para novos projetos arquitetônicos também no WWW
(World Wide Web) para um acesso mais ampliado. Uso da realidade virtual e das
simulações de ambientes com representação gráfica deve ser aplicado com mais frequência,
não apenas no processo criativo e na divulgação ou comercialização de um
projeto novo, mas também dentro do processo de avaliação e coleta de dados para
criar um acervo de percepções e pesquisar reações controladas de usuários reais
ou potenciais.
Conclusão
Atualmente
as pesquisas em APO concentram-se nas falhas do ambiente físico pelas suas
próprias evidências, talvez pela maior familiaridade em lidar com fatores
objetivos do que com a complexidade de avaliação do comportamento humano. Há
dificuldades por parte dos técnicos na área de projeto para acessar e
identificar resultados coerentes.
O
formato e divulgação das análises e recomendações em geral não são compatíveis com
as ferramentas projetuais, dificultando a sua incorporação na elaboração de
novos projetos. O contexto das pesquisas na área demonstra a necessidade de
apoio metodológico compatível na concepção do projeto visando garantir nível
adequado de qualidade. Além disso, as informações presentes nas pesquisas devem
ser disponibilizadas de forma mais ampla possível, utilizando-se dos novos
instrumentos como a rede WWW, listas, hipertexto, que facilitem a difusão, a
aplicação e a participação.
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