Geologia é a ciência que estuda a Terra, sua composição, estrutura, propriedades físicas,
história e os processos que lhe dão forma.
“Boa noite, leitores. Esta é a última postagem do módulo intermediário,
terça-feira irei propor uma série de exercícios a serem feitos até 13/09”, Alex Silva.
Conceitos e
informações básicas
Introdução
Antes
de ser um conjunto de conceitos, teoremas e leis físicas expressas na forma
matemática,
as ciências surgiram na história da humanidade como decorrência da
necessidade
do ser humano de conhecer os processos naturais que o cercam de maneira a facilitar
sua integração com o meio ambiente para extrair dele os materiais necessários ao
seu cotidiano.
Neste
enfoque, todo conhecimento deriva de um ponto comum, que é necessidade de
entendimento dos processos naturais. Porém em nenhum ramo de conhecimento isto
se torna
mais claro que naquele denominado “ciências naturais” e mais especificamente as geociências.
Este
tipo de estudo correlaciona ramos do conhecimento considerados fundamentais
como
a matemática, a química, a física e a biologia, com outros específicos das
geociências como a metrologia, a oceanografia, a geografia e a geologia. Dentre
estas ciências o objetivo desta postagem é o estudo da geologia. A geologia
compreende o
estudo
e a interpretação dos processos físicos, químicos e biológicos que se
relacionem aos fenômenos naturais do planeta.
Interesse do
estudo da geologia
Uma
vez que a geologia estuda os materiais e processos existentes no planeta é
óbvio
que os estudos desta natureza tem sido úteis à muitas outras áreas do
conhecimento humano. Os estudos dos fósseis (restos vegetais ou animais que sob
certas condições físico-químicas são preservados nas rochas) tem sido de grande
importância para o entendimento do desenvolvimento das espécies; os novos materiais
desenvolvidos em diversos ramos da indústria tais como cerâmicas especiais e
novas ligas que integram circuitos de computador ou naves espaciais, dependem
antes de estudo de natureza geológica que localizem as matérias primas
necessidades e forneçam evidências acerca de seus processos de formação; grande
variedade de materiais como plásticos e borrachas nada mais são que produtos
derivados do petróleo, que foi um material descoberto a partir de pesquisas
geológicas; da mesma forma, muitos outros exemplos poderiam ser citados.
Importância da
geologia para a engenharia civil
O
simples fato de que toda obra de engenharia civil está sempre, no todo ou em parte,
em contato com rochas ou solos é argumento mais que suficiente para mostrar a importância
do facilitar a sua atuação profissional. O conhecimento das condições geológicas
de uma área na qual se pretenda implantar uma obra de engenharia possibilita redução
de custos e prazos de entrega, facilita o acesso a materiais de construção,
favorece a utilização de menores coeficientes de segurança e cria a
possibilidade de prevenção e correção de quaisquer problemas de estabilidade
que possam vir a ocorrer.
Dentre
as condições geológicas específicas de interesse para engenheiro civil podese
citar: composição e propriedade dos solos; composição e descontinuidades das
rochas;
condições
de águas subterrâneas; condições de relevo; materiais de construção presentes e
suas propriedades; características de estabilidade dos terrenos; e condições de
desmonte e escavação dos terrenos.
Quando
se discute a importância destes
conhecimentos para o engenheiro civil, os
comentários
comuns à maioria dos engenheiros que não tiveram este tipo de informação
são:
“um engenheiro não precisa saber isto”, ou “para isso se contrata um geólogo”,
ou
ainda
“basta que se adotem coeficientes de segurança maiores”; porém isto nem sempre
é verdade. “Nem sempre se pode contratar um geólogo”, ou ainda “basta que se
adote
coeficiente
de segurança maior”. Nem sempre se pode contratar um geólogo ou uma empresa de
consultoria, e a adoção de coeficientes de segurança mais altos implica em
obras mais caras, às vezes mais demoradas e, consequentemente, menos
competitivas.
Não
se pretende aqui que futuros engenheiros civis saibam de tudo de geologia, mas
sim que eles possuam conhecimentos básicos que lhe permitam fazer uma obra
segura
sem
que para isso precise correr atrás de um geólogo para que lhe responda questões
que o próprio engenheiro poderia ter resolvido com um mínimo de conhecimento da
geologia.
Rochas
Introdução
As
rochas (agregados naturais de uma ou mais espécies minerais) são os
constituintes
básicos da litosfera e controla fatores naturais importantes para a vida humana
como a topografia, as condições de fertilidade dos solos e a disponibilidade de
matérias primas para muitos ramos da atividade econômica humana.
Estes
agregados minerais são classificados, de acordo com sua origem, em três
grupos:
rochas magmáticas ou ígneas, rochas sedimentares e rochas metamórficas.
Rochas magmáticas
As
rochas magmáticas ou ígneas são aquelas provenientes da consolidação do magma,
sendo consideradas, portanto rochas primárias. O magma pode ser definido como
“fluidos superaquecidos compostos de silicatos, fosfatos, água e gases, com
temperaturas variando entre 500 e 1.200°C e que tem sua origem nas camadas
profundas da terra”. Como magmatismo entende-se o conjunto de fenômenos
relacionados à atividade do magma.
A
composição mineralógica das rochas ígneas depende do tipo de atividades magmática
da qual elas derivam e das condições de cristalização do magma que lhe deu origem.
Com relação à este segundo aspecto
existe uma seqüência de cristalização dos
minerais
que varia de acordo com sua complexidade estrutural e a disponibilidade de sílica
no magma. Esta sequência é denominada “Série de Cristalização de Bowen”.
Importância das
rochas magmáticas para a engenharia civil
Com
relação à composição mineralógica as rochas ígneas normalmente não apresentam
grandes problemas para a engenharia civil quando não alteradas. Quando alternadas
ou em estágio inicial de alteração, é preciso que se tome cuidado com os produtos
de alteração dos minerais ferro-magnesianos, presentes principalmente nas
rochas básicas, que podem dar origem à argilominerais expansivos.
No
que diz respeito a textura é importante
que se tenha cuidado com as rochas de
texturas
porfiríticas (devido à menor resistência dos profiroblastos) e vesicular (pois
as
vesículas
podem estar preenchidas por minerais plásticos ou expansíveis). Com relação às estruturas
(descontinuidades provocadas por esforços sofridos pela rocha) é necessário um bom
conhecimento de sua orientação já que as mesmas podem representar superfícies potenciais
de instabilidade.
Rochas sedimentares
As
rochas sedimentares podem ser definidas como “tipo rochoso derivado de outras rochas,
depositado na forma de fragmentos ou precipitado quimicamente, que devido a seu
lento processo de deposição pode apresentar estruturas planares
horizontais”.
Estas
rochas têm sua origem baseada na fragmentação ou dissolução de outros tipos
rochosos, transporte destes fragmentos ou íons por meio de soluções, e sua deposição
ou
precipitação em ambientes favoráveis.
Assim
como as rochas magmáticas, as rochas sedimentares necessitam de condições
especificas para sua formação. Estes ambientes normalmente incluem a existência
de água e de condições fisioquímicas particulares. Grosseiramente podem-se dividir
os ambientes posicionais (de formação) das rochas sedimentares em: fluvial, lacustre,
marinho, litorâneo, lagunar, desértico, deltaico, de talus e de plataforma.
Importância das
rochas sedimentares para a engenharia civil
Com
relação à estabilidade dos terrenos as rochas sedimentares só representam problema
quando se trata de sedimentos com forte contribuição de matéria orgânica. Por
apresentar
uma mineralogia quase toda composta por minerais estáveis e resistentes à
alteração,
estas rochas podem representar problemas apenas quando se trata de
argilominerais
expansíveis.
Com
relação às estruturas sedimentares é preciso que se tenha cuidado
principalmente
com aquelas de comportamento planar (como a estratificação) que podem ser
planos de menor resistência da rocha e, por isso mesmo, planos potenciais de
ruptura.
Um
aspecto interessante com relação as rochas sedimentares diz respeito as rochas
químicas
carbonáticas que quando sujeitas à ação de águas aciduladas podem desenvolver grutas
e cavernas cujas instabilidade natural pode vir a comprometer obras situadas na
superfície. Dois exemplos interessantes destes fenômenos são as cidades de
Cajamar (SP) e Sete Lagoas (MG).
Outro
aspecto interessante das rochas sedimentares para a engenharia civil diz respeito
a materiais de construção (agregados, cimento, cal e pedra para revestimento),
dos quais as rochas sedimentares são boa fonte.
Rochas
metamórficas
As
rochas metamórficas podem ser definidas como “rochas geradas a partir das variações
das condições de pressão e temperatura de outros tipos rochosos, condições
estas
diferentes daquelas nas quais as rochas foram geradas”.
A
este conjunto de transformações sofridas pelas rochas dá-se o nome de metamorfismo,
englobando todo o conjunto de transformações sofridas pelas rochas sob
novas
condições de P e T, sem que as mesmas sofram fusão.
Como
se pode verificar, as rochas metamórficas podem se originar de qualquer outro tipo
de rocha seja ela ígnea, sedimentar ou mesmo metamórfica, desde que as mesmas
sejam
submetidas a novas condições de temperatura e pressão.
As
modificações de P e T que as rochas sofrem para que se tornem rochas metamórficas
são devidas a processos naturais. Normalmente estas variações estão associadas
a processos de atividade magmática ou processos de deformação das rochas.
Estas
variáveis (pressão e temperatura) podem ter dois tipos de causa cada um
delas:
a pressão pode ser proveniente de esforços de deformação das rochas ou da ação
de seu peso próprio; e a variação de temperatura pode ser provocada por
intrusões ou pela ação de fluidos quentes.
Importância das
rochas metamórficas para a engenharia civil
Como
já foi possível observar que as “rochas ígneas” e “rochas sedimentares”,
tem
seu interesse para a engenharia civil relacionado à sua mineralogia e
descontinuidades (texturas e estruturas). No caso das rochas metamórficas a
situação não é diferente.
No
que diz respeito à mineralogia das rochas metamórficas verifica-se que parte
dos
minerais
que participam de sua composição (típicos do metamorfismo) é estável apenas nas
suas condições de formação e quando submetidos a novas condições
físico-químicas se alteram facilmente. Assim, o estudo da mineralogia das
rochas metamórficas pode ter dois enfoques distintos:
· Mineralogia
das rochas – que quando alteradas podem dar origem a produtos
altamente plásticos e de baixa
resistência, muitas vezes orientados, o que torna o
problema maior ainda;
· Mineralogia
dos produtos residuais – como os minerais presentes nas rochas
metamórficas são, na maioria das
vezes, silicatos de cálcio, sódio e magnésio,
sua alteração pode proporcionar a
presença no solo de argilominerais expansíveis.
Com relação às estruturas, as
rochas metamórficas podem apresentar
dois tipos básicos de problemas, como decorrência do fato de exibirem uma
orientação dos minerais
em superfície:
· Estes
planos são planos potenciais de instabilidade mesmo quando a rocha não está alternada;
· Estas
superfícies podem se tornar caminhos preferências de percolação da água podendo gerar grande perda de
resistência.
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Vídeo bastante importante. Fala sobre a atuação de um geólogo no mercado de trabalho, e outras curiosidades...
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