Refere-se ao estudo sistemático e unificado da transferência de momento, energia e matéria.
Introdução
O processo de transporte é caracterizado
pela tendência ao equilíbrio, que é uma condição onde não ocorre nenhuma
variação. Os fatos comuns a todos os processos de transporte são:
· A força motriz –
o movimento no sentido do equilíbrio é causado por uma diferença de potencial;
· O transporte – alguma
quantidade física é transferida;
· O meio – a massa
e a geometria do material onde as variações ocorrem afetam a velocidade e a
direção do processo.
Como exemplos, podemos citar:
· Os raios solares
aquecem a superfície externa de uma parede e o processo de transferência de
calor faz com que energia seja transferida através da parede, tendendo a um
estado de equilíbrio onde a superfície interna será tão quente quanto à
externa;
· Quando um fluído
está entre duas placas paralelas e uma delas se movimenta, o processo de
transferência de quantidade de movimento faz com que as camadas de fluído
adjacentes à placa se movimentem com velocidade próxima à da placa, tendendo a
um estado de equilíbrio onde a velocidade do fluído varia na superfície da
placa em movimento na superfície da placa estacionária;
· Uma gota de
corante é colocada em recipiente com água e o processo de transferência de
massa faz com que o corante se difunda através da água, atingindo um estado de
equilíbrio, facilmente detectado visualmente.
Transferência de Calor
O que é e come se processa?
Transferência de calor (ou calor) é
energia em trânsito devido a uma diferença de temperatura. Sempre que existir uma diferença de
temperatura em um meio ou entre meios ocorrerá transferência de calor.
Por exemplo, se dois corpos a diferentes
temperaturas são colocados em contato direto, ocorrera uma transferência de
calor do corpo de temperatura mais elevada para o corpo de menor temperatura
até que haja equivalência de temperatura entre eles. Dizemos que o sistema
tende a atingir o equilíbrio térmico.
Está implícito na definição acima que um
corpo nunca contém calor, mas calor é identificado com tal quando cruza a
fronteira de um sistema. O calor é, portanto um fenômeno transitório, que cessa
quando não existe mais uma diferença de temperatura.
Os diferentes processos de transferência
de calor são referidos como mecanismos de transferência de calor. Existem três
mecanismos, que podem ser reconhecidos assim:
· Quando a
transferência de energia ocorrer em um meio estacionário, que pode ser um sólido
ou um fluído, em virtude de um gradiente de temperatura, usamos o termo
transferência de calor por condução;
· Quando a
transferência de energia ocorrer entre uma superfície e um fluido em movimento
em virtude da diferença de temperatura entre eles, usamos o termo transferência
de calor por convecção;
· Quando, na
ausência de um meio interveniente, existe uma troca líquida de energia
(emitida na
forma de ondas eletromagnéticas) entre duas superfícies a diferentes
temperaturas, usamos o termo radiação.
Mecanismos combinados
Na maioria das situações práticas
ocorrem ao mesmo tempo dois ou mais mecanismos de transferência de calor atuando
ao mesmo tempo. Nos problemas da engenharia, quando um dos mecanismos domina
quantitativamente, soluções aproximadas podem ser obtidas desprezando-se todos,
exceto o mecanismo dominante. Entretanto, deve ficar entendido que variações
nas condições do problema podem fazer com que um mecanismo desprezado se torne
importante.
Como exemplo de um sistema onde ocorrem
ao mesmo tempo vários mecanismos de transferência de calor considere uma
garrafa térmica.
Condução
A
lei de Fourier
A lei de Fourier foi desenvolvida a
partir da observação dos fenômenos da natureza em experimentos. Imaginemos um
experimento onde o fluxo de calor resultante é medido após a variação das
condições experimentais. Consideremos, por exemplo, a transferência de calor
através de uma barra de ferro com uma das extremidades aquecidas e com a área
lateral isolada termicamente.
Com base em experiências, variando a
área da seção da barra, a diferença de temperatura e a distância entre as extremidades,
chega-se a seguinte relação de proporcionalidade:
q = - k . A . dT/dx, onde:
q é o fluxo de
calor por condução;
k é a
condutividade térmica do material;
A é a área da
seção através da qual o calor flui, medida perpendicularmente à direção do
fluxo;
dT/dx é a razão de variação
da temperatura com a distância, na direção do fluxo de calor.
Condução
de calor em uma parede plana
Consideremos a transferência de calor
por condução através de uma parede plana submetida a uma diferença de temperatura.
Ou seja, submetida a uma fonte de calor, de temperatura constante e conhecida,
de um lado, e a um sorvedouro de calor do outro lado, também de temperatura
constante e conhecida. Um bom exemplo disto é a transferência de calor através
da parede de um forno, que tem espessura, área transversal e foi construído com
material de condutividade térmica. Do lado de dentro a fonte de calor mantém a
temperatura na superfície interna da parede constante.
Convecção
Lei
básica
O calor transferido por convecção, na
unidade de tempo, entre uma superfície e um fluído, pode ser calculado através
da relação proposta por Isaac Newton:
q = h . A . ∆T, onde:
q é o fluxo de
calor transferido por convecção;
A é a área de
transferência de calor;
∆T é a diferença
de temperatura entre a superfície e a do fluído em um local longe da superfície;
h é o coeficiente
de transferência de calor por convecção ou coeficiente de película.
Camada
limite
Quando um fluído escoa ao longo de uma
superfície, seja o escoamento em regime laminar ou turbulento, as partículas na
vizinhança da superfície são desaceleradas em virtude das forças viscosas. A
porção de fluído contida na região de variação substancial de velocidade é
denominada de camada limite hidrodinâmica.
Consideremos agora o escoamento de um
fluido ao longo de uma superfície quando existe uma diferença de temperatura
entre o fluido e a superfície. Neste caso, o fluido contido na região de
variação substancial de temperatura é chamado de camada limite térmica. Por
exemplo, analisemos a transferência de calor para o caso de um fluido escoando
sobre uma superfície aquecida. Para que ocorra a transferência de calor por
convecção através do fluido é necessário um gradiente de temperatura (camada
limite térmica) em uma região de baixa velocidade (camada limite hidrodinâmica).
O mecanismo da convecção pode então ser
entendido como a ação combinada de condução de calor na região de baixa velocidade
onde existe um gradiente de temperatura e movimento de mistura na região de
alta velocidade. Portanto:
· região de baixa
velocidade – a condução é mais importante;
· região de alta
velocidade – a mistura entre o fluido mais quente e o mais frio é mais
importante.
Mecanismos combinados de transferência
de calor (condução-convecção)
Consideremos uma parede plana situada
entre dois fluidos a diferentes temperaturas. Um bom exemplo desta situação é o
fluxo de calor gerado pela combustão dentro de um forno, que atravessa a parede
por condução e se dissipa no ar atmosférico.
Portanto, também quando ocorre a ação
combinada dos mecanismos de condução e convecção, a analogia com a eletricidade
continua válida; sendo que a resistência total é igual à soma das resistências
que estão em série, não importando se por convecção ou condução.
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Vídeo importantíssimo sobre o porquê de
se estudar fenômenos de transporte, elaborado pelo professor Túlio Carísio de
Paula.
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