IMPERMEABILIDADE
DAS CONSTRUÇÕES
A necessidade de impermeabilização
na construção civil é imposta porque os componentes utilizados em
obras (ex:
tijolos, blocos de
concreto, argamassas, etc) são porosos e permitem a penetração da
umidade.
Introdução
A
impermeabilização na construção civil tem como objetivo impedir a passagem indesejável
de água, fluído e vapores, podendo contê-los ou dirigi-los para o local que se
deseja.
A
importância da impermeabilização, além de permitir a habitabilidade e funcionalidade
da construção civil, é relevada no objetivo de proteger a edificação de inúmeros
problemas patológicos que poderão surgir com infiltração de água, integradas ao
oxigênio e outros componentes agressivos da atmosfera (gases poluentes, chuva
ácida, ozônio), já que uma grande quantidade de materiais constituintes da
construção civil sofre um processo de deterioração e degradação, quando em
presença dos meios agressivos da atmosfera.
Têm-se
verificado com frequência que a impermeabilização não é analisada com a devida
importância por parte de alguns engenheiros, construtores, arquitetos, projetistas
e impermeabilizadores. Como consequência, a infiltração de água acarreta uma série
de consequências patológicas como corrosão de armaduras, eflorescência, degradação
do concreto e argamassa, empolamento e bolhas em tintas, curtos-circuitos,
etc., gerando altos custos de manutenção e recuperação.
Para
se ter uma ideia do montante dos gastos de recuperação e manutenção de obras, existem
estimativas que superam 2,5% do PIB, algo em torno de 12 bilhões de dólares anuais.
Em muitos casos a origem é devido à ausência ou inadequada impermeabilização.
O
custo de uma impermeabilização na construção civil é estimado em 1% a 3% do custo
total de uma obra. No entanto, a não funcionalidade da mesma poderá gerar
custos de re-impermeabilização que superam 5% a 10% do custo da obra, já que muitas
vezes as re-impermeabilizações envolvem quebras de piso cerâmico, granito, argamassas
etc., sem levar em consideração custos de problemas patológicos mais importantes
e outros transtornos ocasionados, como depreciação de valor patrimonial, manchas
em veículos e utensílios, utilização normal da área impermeabilizada, etc.
Portanto,
é de suma importância o estudo adequado da impermeabilização de forma a utilizarmos
todos os recursos técnicos disponíveis para executá-la da melhor forma possível.
Tecnologia da impermeabilização
O
desempenho adequado da impermeabilização é obtido com a interação de vários componentes,
diretamente relacionados entre si, pois a falha de um deles pode prejudicar o
desempenho e a durabilidade da impermeabilização. Os principais componentes
são:
Projeto de
impermeabilização
O
projeto de impermeabilização deve fazer parte integrante dos projetos de uma edificação,
como hidráulica, elétrica, cálculo estrutural, arquitetura, paisagismo, fôrmas,
etc., pois a impermeabilização necessita ser estudada e compatibilizada com
todos os componentes de uma construção, de forma a não sofrer nem ocasionar
interferências.
O
projeto de impermeabilização tem como função elaborar, analisar, planificar, detalhar,
descriminar e adotar todas as metodologias objetivando o bom comportamento da
impermeabilização, compatibilizando os possíveis sistemas impermeabilizantes a
serem adotados com a concepção da edificação.
Uma
grande parte dos insucessos de uma impermeabilização pode ser atribuída à
ausência ou erros na elaboração de um projeto de impermeabilização.
Por
muitas vezes uma obra é iniciada, utilizando um conjunto de projetos construtivos
incompletos. Chegada à etapa da impermeabilização, percebe-se uma série de
interferências que dificultam a sua execução, tais como: tubulações passando
rente às lajes e paredes, cotas finais que impedem a execução de caimentos,
ralos de diâmetro reduzido, falta de altura adequada para arremates dos
rodapés, caixilhos montados impedindo arremates adequados, execução de enchimentos,
etc. Nestes casos, para um bom desempenho e segurança da impermeabilização, são
necessários demolições, abertura de rasgos em alvenarias, retirada de
caixilhos, etc., que acabam por aumentar o custo da construção. As adaptações,
que muitas vezes o aplicador é levado a fazer, acabam por acarretar problemas a
médio ou longo prazo.
Outras
vezes, encontra-se especificação de sistemas de impermeabilização inadequados,
que não vão atender às necessidades de desempenho exigidas pela obra.
Simplesmente é aberto um catálogo de fabricante e especifica-se qualquer material,
sem analisar suas propriedades e desempenho. Também é comum a especificação
dirigida por um fabricante ou aplicador de impermeabilização, que, embora na
maioria das vezes tenham experiência, em alguns casos objetivam unicamente a
finalidade comercial. No entanto, existem fabricantes sérios que produzem
produtos de qualidade, que possuem software técnico, que são de grande auxílio
no assessoramento para a execução de um bom projeto.
Deve-se
sempre lembrar que para a execução de um bom projeto, é necessário boa
experiência ou assessoramento por profissional competente.
O
projeto de impermeabilização, obviamente deve indicar as regiões que necessitem
de estanqueidade à percolação de fluidos, bem como indicar os sistemas mais
apropriados para garantir a impermeabilidade.
O
projeto deve ser elaborado por especialista em impermeabilização, que deverá colher
informações básicas e contatos com os demais projetistas, como o arquiteto, o
calculista, paisagista, projetista elétrico e
hidráulico, etc., já que as modificações que porventura vierem a ser
necessárias, logicamente necessitam ser discutidas e transmitidas a todos os
planejadores, de forma a possibilitar a compatibilização de todos os projetos.
Ao
se iniciar um projeto, deve-se efetuar a análise dos projetos básicos da obra, procurando
evidenciar as áreas que necessitam de impermeabilização. Neste ponto, inicia-se
um estudo preliminar dos sistemas adequados para a execução da impermeabilização.
Elaboram-se a seguir o anteprojeto, avaliando mais detidamente as
interferências que haverão de surgir com os detalhes de acabamento, instalações
elétricas, hidráulicas, equipamentos, etc., finalizando o estudo com a elaboração
do projeto definitivo.
Qualidade de
materiais e sistema de impermeabilização
Materiais
impermeabilizantes são basicamente produtos com propriedades de impedir a
passagem d’água ou fluídos, sob forma líquida ou vapor.
Existem
umas séries de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No
entanto, ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado
para se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de
propriedades e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições
impostas pela área a ser impermeabilizada.
Existem
no Brasil diversos produtos impermeabilizantes, de qualidade e desempenho variáveis,
de diversas origens e métodos de aplicação, normalizados ou não, que deverão
ter suas características profundamente estudadas para se escolher um adequado
sistema de impermeabilização.
Como
exemplo, existem produtos cancerígenos utilizados em impermeabilização de
reservatórios, produtos que sofrem degradação química do meio a que estão expostos,
produtos de baixa resistência à água, baixa resistência a cargas atuantes, não
suportam baixas ou altas temperaturas, dificuldade ou impossibilidade de aplicação
em determinados locais ou situações, baixa resistência mecânica, a fadiga,
durabilidade, etc.
Deve-se
sempre procurar conhecer todos os parâmetros técnicos e esforços mecânicos
envolvidos para a escolha adequada do sistema impermeabilizante. A complexidade
na escolha dos sistemas impermeabilizantes para uma determinada necessidade
está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos
impermeabilizantes e das exigências e condições específicas do local que se
deseja impermeabilizar. Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos
sistemas impermeabilizantes e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada
será a escolha.
Qualidade da
execução da impermeabilização
Por
melhor que seja o material ou o sistema de impermeabilização, de nada adianta
se o mesmo é aplicado por pessoa ou empresa não habilitada na execução da
impermeabilização.
Deve-se
sempre recorrer a equipes especializadas na aplicação dos materiais impermeabilizantes.
A mesma deverá ter conhecimento do projeto de impermeabilização; ser
recomendado pelo fabricante do material; que possua equipe técnica e suporte
financeiro compatível com o porte da obra; que ofereça garantia dos serviços
executados, etc.
Qualidade da
construção da edificação
A
impermeabilização deve sempre ser executada sobre um substrato adequado, de
forma a não sofrer interferências que comprometam seu desempenho, tais como:
regularização mal executada, fissuração do substrato, utilização de materiais
inadequados na área impermeabilizada, (como tijolos furados, enchimentos com
entulho, passagem inadequada de tubulações elétricas e hidráulicas), falhas de
concretagem, baixo cobrimento de armadura, sujeira, resíduos de desmoldantes,
ralos e tubulações mal chumbados, detalhes construtivos que dificultam a
impermeabilização, etc.
Quando
a impermeabilização é aplicada num substrato inadequado, a mesma acaba por
sofrer as consequências destes defeitos, que ao longo do tempo certamente
acarretarão patologias construtivas.
Fiscalização
O
rigoroso controle da execução da impermeabilização é fundamental para seu desempenho,
devendo esta fiscalização ser feita não somente pela empresa aplicadora, mas
também, pelo engenheiro responsável pela obra, pelo projetista ou entidade
fiscalizadora designada para a finalidade.
Deve-se
sempre obedecer ao detalhamento do projeto de impermeabilização e estudar os
possíveis problemas durante o transcorrer da obra, verificando se a preparação
da estrutura para receber a impermeabilização está sendo bem executada, se o
material aplicado está dentro das especificações no que tange a qualidade,
características técnicas, espessura, consumo, tempo de secagem, sobreposição,
arremates, testes de estanqueidade, método de aplicação, proteções, etc.
Preservação da impermeabilização
Deve-se
impedir que a impermeabilização aplicada seja danificada por terceiros, ainda
que involuntariamente, por ocasião da colocação de pregos, luminárias, pára-raios,
antenas coletivas, playground, equipamentos, pisos e revestimentos, etc.
Considerar
a possibilidade de ocorrência destes fatos quando da execução do projeto. Caso
isto não seja possível, providenciar a compatibilização em época oportuna,
evitando adotar as soluções paliativas.
Deve-se
também comunicar ao usuário da edificação dos cuidados em preservar a impermeabilização,
evitando danos provocados por manutenção de jardim, desentupimento de ralos,
reparos hidráulicos, reformas, chumbamento de equipamentos, antenas, etc. Assim
sendo, incluir na documentação a ser entregue para o proprietário da obra um
capítulo sobre os cuidados com a impermeabilização.
Existe
uma série de produtos que atendem a esta definição básica e simples. No entanto,
ao escolhermos um material impermeabilizante e o sistema por ele formado para
se impermeabilizar uma edificação, deve-se levar em conta uma série de propriedades
e requisitos relativos ao seu comportamento frente às condições impostas pela
área a ser impermeabilizada, como por exemplo:
Ø Impermeabilidade:
§ água em forma
liquida;
§ água sob forma
de vapor;
§ resistência a
pressão hidrostática;
§ absorção d’água.
Ø Resistência :
§ tração;
§ compressão;
§ alongamento;
§ deformação
residual;
§ aderência ao
suporte;
§ fadiga;
§ puncionamento
estático;
§ puncionamento
dinâmico;
§ rasgamento;
§ grau e tipo de
fissuração da estrutura;
§ degradação a
agentes químicos;
§ abrasão.
Ø Térmica :
§ altas
temperaturas;
§ baixas
temperaturas;
§ ciclos térmicos;
§ estabilidade
térmica dimensional;
§ flexibilidade a
baixas temperaturas.
Ø Flexibilidade :
§ flexível;
§ semiflexível;
§ rígido;
§ grau de
flexibilização;
§ deformabilidade;
§ elasticidade/plasticidade.
Ø Método de
aplicação :
§ pré-fabricado;
§ moldado in loco;
§ aplicação a
quente;
§ aplicação a frio;
§ base água ou
solventes.
Ø Proteção :
§ autoprotegido;
§ requer proteção;
§ resistente ao intemperismo;
§ proteção térmica.
Ø Substrato :
§ aderido ao substrato;
§ não aderido ao substrato;
§ requer berço
amortecedor;
§ presença de
umidade no substrato;
§ resistência do substrato;
§ rugosidade do substrato;
§ composição do substrato.
Ø Formas do
substrato :
§ baixa inclinação;
§ alta inclinação;
§ planas /
abobadadas / cilíndricas / esféricas / côncavas / complexas.
Ø Durabilidade :
§ estabilidade ao
longo do tempo;
§ vida útil;
§ necessidade de
conservação periódica.
Ø Outras
considerações :
§ grau de
especialização na aplicação;
§ exequibilidade;
§ custo;
§ rapidez na
aplicação;
§ fatores de risco
e exigências de segurança;
§ armazenamento;
§ normalização na
ABNT;
§ exigências de
EPI;
§ toxidade;
§ restrições de
utilização.
A
complexidade na escolha de um sistema impermeabilizante para uma determinada necessidade
está diretamente relacionada ao conhecimento das propriedades dos impermeabilizantes
e das exigências e condições específicas da local que se desejam impermeabilizar.
Portanto, quanto mais se conhece das propriedades dos sistemas impermeabilizantes
e do local que se deseja impermeabilizar, mais acertada será a escolha. Assim
sendo, são descritas abaixo algumas características dos principais materiais
impermeabilizantes utilizados no Brasil.
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Confira esse interessante vídeo feito pelo professor Fábio Ribeiro, do grupo Kroton, explicando sobre a importância do projeto de impermeabilização.
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