O USO DE ADITIVOS NA QUALIDADE DO
CONCRETO
O aditivo é usado para uma determinada substância (concreto), que auxilia na melhora do rendimento ou na propriedade desta substância.
Generalidades
Os aditivos podem ser considerados hoje
como o quarto elemento de um concreto ou argamassa. São produtos adicionados em
pequenas quantidades ao concreto, modificando algumas de suas propriedades, no
estado fresco ou endurecido, melhorando a trabalhabilidade, as características
mecânicas e químicas, durabilidade, economia e qualidade.
A utilização dos aditivos remonta desde
a idade dos romanos, que utilizavam sebo, leite de cabra, clara de ovo, etc.,
mas a sua evolução nos nossos tempos, surgiu após a invenção do cimento Portland.
Veja embaixo a linha do tempo do surgimento de alguns aditivos:
· 1850 – cimento Portland;
· 1855 – gesso
(primeiro aditivo);
· 1900 –
aceleradores – cloreto de cálcio;
· 1900 –
retardadores – açúcares;
· 1935 –
plastificantes – lignosulfonados;
· 1945 –
incorporadores de ar;
· 1960 –
anticongelantes;
· 1970 –
superplastificantes (melamina);
· 1990 – hiperplastificantes
(policarboxilatos – reodinâmicos).
Tipos
de aditivos
Segundo a norma NBR 11768, os aditivos são
classificados segundo suas finalidades:
· Plastificantes e
superplastificantes – Mantida a quantidade de água de amassamento,
proporciona o aumento do índice de
consistência do concreto ou permite a redução de no mínimo 6% da quantidade de
água a ser lançada. São aplicados no concreto estrutural e concreto de alto desempenho;
· Retardadores – Aumentam
os tempos de início e fim de pega dos concretos. São
aplicados no concretos pré-misturado e
na concretagem em grandes volumes;
· Aceleradores –
Diminuem os tempos de início e fim de pega dos concretos, bem
como acelera o desenvolvimento de suas resistências
iniciais. Para concreto armado, devem ser isentos de cloretos. São aplicados no
concreto simples, na concretagem submersa, na concretagem de lastro e concreto
projetado;
· Incorporadores
de ar – Incorporam pequenas bolhas de ar ao concreto. São aplicados
no concreto-massa e no concreto sujeito
a ciclos de gelo/desgelo;
· Sílicas ativas –
Partículas ultrafinas de sílica em suspensão, que pela sua reatividade,
aperfeiçoam propriedades do concreto.
São aplicados no concreto de alto desempenho, no concreto resistente a ambientes
agressivos e à abrasão, nas estruturas esbeltas e no concreto projetado;
· Expansores – Provocam
a expansão de 1 a 2% do concreto, mediante a formação de
gases;
· Impermeabilizantes
– Formam compostos, notadamente com a reação com o
hidróxido de cálcio do cimento,
repelindo a água;
· Inibidores de
corrosão – Solução de nitrito de cálcio ou éster e aminas, inibem o
ataque de cloretos;
· Inibidores de
reação álcali-agregados – Produtos à base de lítio, inibem a reação
álcali-agregado;
· Fungicidas – Produtos
à base de sulfato de cobre ou pentaclorofenol, impedem a
formação de fungos e algas no concreto
endurecido;
· Injeções – Fluidificantes
para injeção de cimento em bainhas de protensão e trincas.
· Controle de
hidratação do cimento – Controlam a hidratação do cimento, permitindo
a inibição das reações de hidratação por
até 72 horas;
· Anticongelantes –
Evitam o congelamento da água de mistura do concreto, durante a
concretagem em dias muito frios.
· Redutores de ar incorporado
– Aumentam a viscosidade e coesão da mistura.
· Plastificantes aceleradores
– Combinam os efeitos dos aditivos plastificantes e
aceleradores;
· Plastificantes retardadores
– Combinam os efeitos dos aditivos plastificantes e
retardadores;
· Superplastificantes
aceleradores – Combinam os efeitos dos aditivos
superplastificantes e aceleradores;
· Superplastificantes
retardadores – Combinam os efeitos dos aditivos
superplastificantes e retardadores.
Características
gerais dos aditivos de última geração
Atualmente, os aditivos possuem
características importantes, para conferir propriedades ideais ao concreto e às
argamassas, tornando-se um componente indispensável para garantir a qualidade
dos concretos e argamassas.
Além das características básicas dos
aditivos, conforme mencionados acima, os aditivos são muito importantes para a
melhoria da qualidade do concreto endurecido, como por exemplo, na sua baixa
porosidade, que evita ou impede a penetração de agentes agressivos.
O cimento necessita da água para
promover sua hidratação. A quantidade mínima de água para a hidratação do
cimento é por volta de 25 a 30% do seu peso, ou fator água/cimento = 0,25 a
0,30. Com esta pequena quantidade de água, o concreto não se torna trabalhável,
isto é o concreto é praticamente seco, ou com consistência menor que 1, impossível
de se moldar nas formas.
Quando aumentamos a relação
água/cimento, para valores em torno de 0,55 a 0,65, tornamos o concreto mais
trabalhável. No entanto, tornamos os mesmos mais porosos e permeáveis devido à
evaporação da água excedente. O excesso de água, também provoca maior retração
volumétrica do concreto, gerando trincas de retração. Dentro deste aspecto, os
aditivos são muito importantes, pois melhoram a trabalhabilidade do concreto,
sem a adição de grandes quantidades de água.
Quanto maior o fator água/cimento, maior
é a permeabilidade a água do concreto. Quanto menor a quantidade de água e
melhor consistência, melhor a trabalhabilidade e qualidade do concreto.
Os aditivos que mais melhoram a fluidez
do concreto com redução substancial da água de amassamento do concreto são os
aditivos à base de policarboxilatos, surgidos na década de 90.
Ao contrário dos aditivos à base de
melamina, que possuem vida curta, os aditivos à base de éter policarboxílicos
proporcionam elevada fluidez por maior período, podendo chegar até 4 horas,
dependendo da dosagem.
Os aditivos superplastificantes
convencionais, à base de sulfonatos, melamina ou naftalenos são baseados em
polímeros que são absorvidos pelas partículas de cimento e se acumulam na
superfície do cimento no início da mistura do concreto. Os grupos sulfônicos da
cadeia dos polímeros aumentam a carga negativa da superfície das partículas de
cimento e dispersam estas por repulsão eletrostática. Este mecanismo
eletrostático causa a dispersão da pasta de cimento, e a consequência positiva
é que se requer menos água na mistura para se obter uma determinada consistência
do concreto.
Os aditivos de nova geração à base de
éter carboxílico são polímeros com largas cadeias laterais. No início do
processo de mistura, inicia-se o mecanismo de dispersão eletrostática, conforme
os aditivos convencionais, porém, as cadeias laterais unidas à estrutura
polimérica geram uma energia que estabiliza a capacidade de refração e dispersão
das partículas de cimento. Com este processo, obtém-se um concreto fluído com
uma grande redução da quantidade de água e um ganho de resistência nas primeiras
idades.
Concreto
autoadensável
A última tecnologia que vem sendo
adotada nos países mais avançados é o dos concretos autoadensáveis, que são
concretos de elevada fluidez, que dispensam a utilização de vibradores. Também
são chamados de concretos reodinâmicos. Algumas características deste concreto
são:
· Alta fluidez;
· Sem segregação
nem exsudação;
· Autocompactável;
· Baixa relação
A/C;
· Permite
concretagem em áreas com grande taxa de armaduras e em lugares
confinados ou difíceis de acessar com
vibradores.
Os aditivos de melhor desempenho para
concreto autoadensável são os tipos éter carboxilatos.
Recomendações
finais
Redutores
de água
Em caso de superdosagem, verificar o
peso das amostras, pois este indicará se houve incorporação de ar, que poderá
afetar as resistências. Se houver retardamento de pega, evitar que o concreto
perca água, regando abundantemente, por exemplo. Controlar a evolução das
resistências. Normalmente o concreto endurece mais lentamente, mas alcança
maiores resistências em longo prazo.
Manter limpos os depósitos. Embora estes
produtos contenham conservantes adequados, em certas ocasiões podem ocorrer
fermentações, se o depósito estiver sujo e em climas quentes. As fermentações
não alteram a qualidade do adjuvante em curto prazo, mas podem produzir espumas
que podem afetar os dosadores.
Superplastificantes
Eleger um superplastificante adequado ao
concreto previsto.
Misturar o aditivo com 60 a 70% da água
de amassamento já introduzida, por forma a garantir uma boa homogeneidade.
Sempre que se utilize dosagem superior
às indicadas pelo fabricante, deve ser realizado ensaio prévio.
Embora os aditivos, pela sua composição,
não tenham grandes problemas de conservação, é aconselhável manter os depósitos
limpos.
Na generalidade, os superplastificantes
são compatíveis com a maioria dos aditivos; contudo, podem ocorrer alguns
problemas com os incorporadores de ar.
A utilização conjunta de plastificantes
e superplastificantes proporcionam um efeito plastificante muito elevado.
Retardadores
São aplicadas as recomendações gerais
mencionadas para os aditivos.
Prever descidas e aumentos de
temperatura que podem modificar o comportamento do concreto.
Ensaiar previamente o aditivo com o
cimento previsto, para comprovar o efeito retardante. A reatividade do cimento
é também importante para decidir a dosagem mais adequada.
Os retardadores podem combinar-se
facilmente com aditivos redutores de água, mas deve-se ter em conta que estes
podem apresentar um efeito retardante, por si mesmos.
Aceleradores
Verificar se o aditivo contém cloro na
sua composição, quando se tratar de concreto armado, pois provoca corrosão das
armaduras.
Utilizar a dosagem mínima de acelerador,
introduzindo um superplastificante que permita uma notável redução da relação
A/C.
Ter em conta a real temperatura da obra.
Os aceleradores podem combinar-se com
redutores de água que não tenham efeito retardador.
Incorporadores
de ar
Escolher o incorporador de ar e a sua
dosagem mediante ensaios, nos quais sejam controlados o ar incorporado e as
resistências mecânicas.
Manter constantes a intensidade e o
tempo de mistura.
Efetuar um controle da incorporação de
ar e das resistências.
Evitar superdosagens e misturas
excessivas.
Espumantes
Juntar o aditivo à argamassa
pré-misturada, com consistência seca ou plástica.
Utilizar preferencialmente agregados
naturais rolados. As britas apresentam cantos que rompem as bolhas de ar à
medida que se formam. Este efeito limita a estabilidade da espuma gerada.
Manter constante a intensidade e o tempo
de mistura.
Impermeabilizantes
São aplicadas as recomendações gerais
mencionadas para os aditivos.
Não pensar que o aditivo consegue por si
só um concreto impermeável.
Dar especial atenção à composição do
concreto.
Verificar se a colocação em obra é a
mais correta, e que permita uma boa compactação.
Evitar as juntas frias, colocando juntas
hidroexpansivas.
Hidrofugantes
São aplicadas as recomendações gerais
mencionadas para os aditivos.
Rever as dosagens a utilizar.
Controlar as resistências mecânicas e a
repulsão de água obtida.
Concreto
bombeável
Controlar a alteração de consistência, e
comprovar a trabalhabilidade e bombabilidade.
Reduzir ligeiramente a consistência, o
que deve ser devido à combinação com um plastificante.
Evitar superdosagens e utilizar a
dosagem ótima.
Concreto
projetado
Tomar medidas de segurança necessárias,
tanto no armazenamento como no manuseamento dos produtos alcalinos (pH >
12).
Procurar utilizar aditivos não alcalinos.
Recordar que o uso de um redutor de água
permite reduzir a relação água/cimento e melhorar as resistências iniciais e
finais.
Sugestões
· Eleger o aditivo
segundo o recomendado na ficha técnica;
· Ler
detalhadamente as informações técnicas do produto;
· Determinar a dosagem
e realizar ensaios prévios;
· Efetuar o
controle de qualidade, ou pelo menos registrar o número do lote;
· Garantir um bom
sistema de dosagem e mistura;
· Prever as
temperaturas de inverno e proteger os tubos do dosador;
· Consultar o
fabricante sobre qualquer dúvida na utilização do produto;
· Manter limpo o
depósito.
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Vídeo superinteressante realizado pelo curso de Engenharia Civil da Faculdade Iesplan, num trabalho de química, onde houve um experimento entre um concreto sem aditivo e com aditivo. Assista-o.
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