O
Canteiro Experimental é um equipamento da faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
onde seu objetivo principal é ajudar a (re)encontrar para a formação do
arquiteto as importantes ligações entre a idealização e a prática construtiva.
Introdução
A ideia
de um “Canteiro Experimental” nas escolas de arquitetura e urbanismo é uma
tentativa de melhorar não só a qualidade da formação e informação a serem
desenvolvidas nos alunos, mas, também, conferir uma qualidade maior ao processo
de aquisição destas. Lançando-se mão, portanto, de outras formas de refletir
sobre as questões tectônicas, neste caso, intermediadas pelo contato direto com
as especificidades físicas e construtivas dos materiais a serem manipulados, dando
um importante passo para o aprimoramento do ensino.
Desta
forma, o objetivo desse canteiro transcende àquele tradicional de reproduzir o
“saber fazer”; mas, sim, de se exercitar na resolução de problemas e na
invenção de novos componentes urbanístico-arquitetônicos que atendam à
materialização da Arquitetura. Entende-se que está subjacente a esta ideia de experimentação
empírica uma abordagem pedagógica sistêmica e necessária à formação crítica,
investigativa e propositiva dos alunos.
O
Canteiro Experimental irá se apoiar na infraestrutura espacial e material
tradicionalmente utilizada pelo canteiro de obras onde, este sim, tem como objetivo
a reprodução das técnicas construtivas sedimentadas e reconhecidas por toda a
comunidade científica e acadêmica.
De
fato, o que irá diferenciar o Canteiro Experimental do canteiro de obras é que,
nesta proposta, se entende Canteiro Experimental como espaço complementar
privilegiado da invenção e da experimentação empírica de materiais, formas,
processos e métodos, como também a investigação de novos arranjos espaciais e
físicos, que deverão surgir da necessidade intrínseca do fazer arquitetônico
que apresenta como tarefa principal o dever de desenvolver e melhorar o meio
ambiente.
Assim
sendo, espera-se que o Canteiro Experimental de Obra provoque a discussão e exercite
o “fazer arquitetônico” com enfoque privilegiado na invenção, e que não se
atenha à reprodução de tipologias arquitetônicas ou de técnicas construtivas
tradicionais (papel este de responsabilidade do canteiro experimental de obras);
ou seja, os exercícios propostos devem exercitar a reflexão sobre a questão
proposta e não indicar apenas “resposta” para o problema apresentado.
Mudar
o comportamento discente e principalmente docente perante o ensino do “fazer
arquitetônico” não é uma tarefa simples e tem que, necessariamente, ser um
exercício coletivo, como, também, devem ser coletivas as atividades propostas.
A
multidisciplinaridade está subjacente aos objetivos de um Canteiro
Experimental, onde cada atividade proposta deva envolver várias áreas do saber.
Método
Para
este estudo, que tem por objetivo entender o que é, como pode ser feito e
propor algumas referências com relação à criação de um Canteiro Experimental,
utilizou-se o seguinte procedimento:
· História das
técnicas construtivas, materiais de construção, técnicas retrospectivas,
desenho
arquitetônico, técnicas construtivas e canteiros de prática de construção;
· Levantamentos de
dados referentes a laboratórios, canteiro de obras e de
experimentação
ou outros espaços similares;
· Análise dos
dados;
· Recomendações.
Canteiro Experimental ou canteiro de
obras?
O
Canteiro Experimental, no entendimento a que este estudo se propõe, não pode
ser considerado como tal. O motivo é a observação de que estes laboratórios
desenvolvem exercícios idênticos ou similares ao laboratório de Prática da
Construção ou do canteiro de obras tradicionais. Esses exercícios também são
muito importantes, necessários como recurso didático-pedagógico, mas não são
estes que devem ser desenvolvidos no que ora denominamos de Canteiro Experimental.
Algumas
escolas de Arquitetura e Urbanismo passaram a incorporar em aulas práticas
exercícios como, por exemplo:
·
Execução
de diversos tipos de alvenarias de tijolos;
· Execução
de arcos e abóbadas;
·
Revestimentos
tradicionais como chapisco, revestimento grosso e fino;
· Assentamento
de azulejos e pisos;
·
Execução
de formas de madeira para concreto armado empregadas em: fundações, pilares,
vigas, lajes e em outros elementos construtivos;
·
Cálculo,
dosagem, amassamento, lançamento, adensamento, cura e ensaios de concretos
simples e armados;
·
Execução
de armaduras de aço para concreto armado;
·
Instalações:
hidráulica, elétrica e gás;
·
Execução
de telhados, forros;
·
Execução
de pinturas e vernizes;
·
Execução
de fundações “moldadas in loco”;
·
Execução
de cortes e aterros;
·
Execução
de pavimentação asfáltica e de concreto;
·
Ensaios
de materiais de construção;
·
Ensaios
com solos;
·
Execução
de blocos de concreto simples e de solo-cimento;
·
Execução
de trechos de paredes de pau a pique e de taipa de mão;
·
Execução
de protótipos de residências, com as mais diversas técnicas;
·
Execução
de protótipos e ensaios de materiais e técnicas construtivas com materiais
alternativos.
Ressalta-se
que não são ensaios e experimentos dessa natureza pedagógica que devem ser
desenvolvidos em um Canteiro Experimental, pois, para aqueles, os laboratórios
tradicionais o fazem.
A
preocupação pedagógica com relação ao Canteiro Experimental deve ser a de se
ater à reflexão e criatividade quanto à busca de métodos e formas diferentes
para os problemas arquitetônicos e urbanísticos propostos.
Os
experimentos devem variar de acordo com as características locais, regionais,
históricas e, principalmente, alimentados pela criatividade de seu corpo
docente e discente. A natureza do trabalho e sua execução devem ser coletivas,
desta forma, os agentes envolvidos desenvolverão uma “experiência
arquitetônica” coletiva que não refletirá apenas um projeto único, pessoal e
momentâneo.
Para
finalizar, embasados pelas reflexões expostas neste trabalho, pode-se
recomendar alguns procedimentos que auxiliarão a criação do Canteiro
Experimental:
· É necessária uma
área descoberta ou com pé direito generoso (mínimo de 6,00
metros)
para os exercícios de grande porte (a área dos canteiros pesquisados variam de 300
a 10.000 m²);
· Os materiais,
equipamentos e instrumentos dos laboratórios de materiais e ensaios
tecnológicos,
maquetaria, conforto ambiental e canteiro de obras, servirão de apoio ao
Canteiro Experimental, portanto, é necessária sua proximidade física e uma
gestão integrada;
· Necessidade de
salas de aula tradicionais que abriguem as aulas teóricas junto ao
Canteiro
Experimental. A proximidade destes ambientes torna o uso do canteiro muito mais
eficiente do que quando são separados e distantes;
· As atividades
podem ser consideradas extras ou estarem vinculadas às disciplinas
projetuais,
por serem estas disciplinas as responsáveis pela síntese e pela consolidação
dos conhecimentos adquiridos;
· As experiências
desenvolvidas no Canteiro Experimental não substituirão os ensaios
e experimentos
tradicionalmente relacionados a materiais e técnicas construtivas, instalações e
outras;
· Deve trabalhar
com projetos que envolvam todas as fases metodológicas do processo
de
produção de um produto;
· “Ter história”: todos os experimentos devem
ser registrados e apresentados
constantemente
a novos grupos de trabalho e a toda comunidade acadêmica e científica;
· Deve estar
integrado com as atividades de pesquisa da graduação, pós-graduação,
como
também com as atividades de extensão.
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ResponderExcluirPuxa, muito obrigado! Pode deixar que assim que eu puder vou dar uma olhadinha... Grato!
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